ORDEM DE ADVOGADOS

Ordem dos Advogados de Moçambique pede ao PR para intervir e admite nova votação

Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi - DR
Presidente de Moçambique, Filipe NyusiImagem: DR

30/10/2023 13h23

Maputo - A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) disse sexta-feira última que o país enfrenta a sua “maior” crise pós-eleitoral e que o processo autárquico “foi inquinado de vícios graves” e apelou à intervenção do Presidente da República, Filipe Nyusi, admitindo nova votação.

“Que o senhor Presidente da República faça valer os seus poderes constitucionais, demonstrando, ainda e inequivocamente, que é um elemento agregador para os moçambicanos, nestes momentos cruciais e difíceis que se vivem. Ademais e lamentavelmente, até aqui, não se ouviu, de nenhum agente político com responsabilidades governativas qualquer comentário consciente relativamente a este pleito e sobretudo suas irregularidades, o que por si só avoluma ainda mais a perceção, cada vez mais assente, de que estas eleições já tinham um vencedor anunciado”, lê-se num comunicado da OAM, assinado pelo bastonário, Carlos Martins.

“Temos de tudo fazer para evitar um banho de sangue”, aponta.

O bastonário diz, no comunicado, que, ao longo do dia de sexta-feira, Moçambique está “a testemunhar episódios de violência extrema em vários pontos” e que “o descrédito” é “sustentado pelo número, por demais elevado, de irregularidades apontadas ao processo eleitoral pelos tribunais distritais, que passam uma mensagem de que o crime e a manipulação compensam em Moçambique”.

A OAM apela igualmente à Frelimo, partido no poder, lembrando que "tem uma enorme responsabilidade histórica acrescida de estabilização do ambiente político em Moçambique, que ao longo dos tempos, tem sabido gerir essas situações, não devendo, por isso e pela carga institucional que carrega, ser visto como uma organização que dificulta o processo democrático, com recurso, para o efeito, às instituições democráticas".

"Só o assumir desta responsabilidade poderá perpetuar o seu legado histórico, pois e de contrário, reforçará o entendimento dos eleitores e da comunidade internacional de que a nossa democracia é uma farsa”, aponta.

“É imperioso o envolvimento de todas as forças vivas da sociedade, para fazer pontes e encontrarem-se soluções para o conflito eleitoral instalado, a nível nacional. Exige-se mesmo uma negociação e mecanismos de solução de conflitos que evitem o banho de sangue, ainda que isso represente a repetição do pleito eleitoral”, afirma ainda.

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Carlos Matsinhe, anunciou na quinta-feira a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) em 64 das 65 autarquias do país, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, ganhou apenas na Beira.

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, que antes da votação de 11 de outubro controlava oito municípios, dos então 53, reclamou a vitória eleitoral, inclusive na capital, Maputo, mas acabou por perder, segundo os dados da CNE, em todos os municípios.

Desde o dia 11 de outubro que são apontados por observadores, organizações não governamentais, sociedade civil e partidos da oposição várias irregularidades ao processo de contagem de votos, nomeadamente alteração dos dados das atas e editais originais - já reconhecidas por alguns tribunais distritais -, gerando a contestação na rua em todo o país, agravada sexta-feira, dia seguinte ao anúncio dos resultados pela CNE.

 

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