Sudão rejeita apelo da ONU para forças de paz protegerem civis
Cartum - O Sudão rejeitou, domingo, um apelo dos peritos das Nações Unidas para que fosse enviada uma “força independente e imparcial” para proteger milhões de civis que abandonaram as suas casas, devido à guerra, segundo a BBC.
O conflito, que se desenrola desde Abril do ano passado, colocando o exército contra forças paramilitares, já matou dezenas de milhares de pessoas e provocou uma das piores crises humanitárias do mundo.
Os peritos das Nações Unidas afirmaram, sexta-feira passada, que a sua missão de apuramento dos factos tinha descoberto violações “horríveis” por ambas as partes, “que podem constituir crimes de guerra e contra a humanidade”.
Os mesmos apelaram ao envio “sem demora” de “uma força independente e imparcial com um mandato para salvaguardar os civis”.
Entretanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês, que é leal ao exército do general Abdel Fattah al-Burhan, declarou, em comunicado, que rejeita as recomendações.
O comunicado considera o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, que criou a missão de inquérito no ano passado, como “um órgão político e ilegal”, enquanto as suas recomendações foram classificadas como “uma violação flagrante do seu mandato”.
A declaração acrescenta que o papel do Conselho dos Direitos Humanos da ONU deveria ser “apoiar o processo nacional, em vez de procurar impor um mecanismo exterior diferente”.
No mesmo documento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão acusa as Forças de Apoio Rápido paramilitares, lideradas pelo antigo adjunto de Burhan, Mohamed Hamdan Daglo, de “atacar sistematicamente civis e instituições”.
“A protecção dos civis continua a ser uma prioridade absoluta para o governo sudanês”, afirmou.
Cerca de oito milhões de civis foram deslocados e outros dois milhões de pessoas fugiram para os países vizinhos, enquanto mais de 25 milhões de pessoas enfrentam uma grave escassez de alimentos, segundo os peritos da ONU citados pela Voz da América.