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Campanha eleitoral em Moçambique marcada por violência verbal e fake news

Um pormenor da cidade de Maputo, Moçambique
Um pormenor da cidade de Maputo, Moçambique Imagens: DR

Redacção

Publicado às 15h25 10/09/2024 - Actualizado às 15h25 10/09/2024

Maputo - As autoridades e os observadores políticos alertam para os discursos que incitam a violência e a injúria contra adversários políticos, além da divulgação de fake news, no início da terceira semana da campanha eleitoral em Moçambique.

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulino Cuinica, chamou a atenção para esta realidade, mas analistas políticos dizem que a autoridade eleitoral devia revelar e responsabilizar os autores de tais actos.

“Alguns candidatos não têm pautado por usar uma linguagem moderada e conciliatória para o bom discurso da campanha eleitoral. Temos acompanhado alguma linguagem com tendências para incitação à violência e com injúria à mistura”, disse Paulo Cuinica, citado pela VOA.

Para o analista político, Lázaro Mabunda, do Centro de Integridade Pública, a CNE peca por não indicar os nomes de quem profere esse tipo de discursos, para que sejam responsabilizados.

“A CNE devia, em vez de se esconder, dizer qual é o partido que está a incitar a violência. E a incitação à violência é um crime, e se é um crime, esse partido tem que ser responsabilizado porque não se pode esperar que ocorra a violência para não se responsabilizar um determinado partido”, adiantou Lázaro Mabunda.

Por seu lado, o também analista político Wilker Dias, da Plataforma de Observação Eleitoral Decide, chamou atenção para o impacto de tais discursos em plena campanha eleitoral, recordando que, nas eleições autárquicas passadas, foi no seguimento de discursos que incitam à violência que se registaram confrontos entre membros de partidos políticos.

“Partidos políticos, coligações, candidatos devem ser os primeiros a semear aquela que é a mensagem de tolerância política. Porque, caso isso não aconteça (...) o mais provável é que comecemos a assistir, de forma contínua, ou até de certa forma alarmante, o aumento de casos ligados a esta situação de violência em tempos eleitorais”, aponta Wilker Dias.

Sobre a divulgação de fake news, Lázaro Mabunda diz que "nas zonas urbanas, onde há uma população com nível de escolaridade um pouco mais avançado e é uma população que recebe mais informações, então é uma população com mais meios, tem mais acesso à internet, mais acesso a dispositivos de difusão de informação, então essa pode ser eventualmente ser influenciada".

Adiantou que duvida que "essa influência se faça sentir, por exemplo, nas zonas de rurais onde grande parte da população, mesmo aquela que tem um nível de escolaridade aceitável, tem imensas dificuldades”.

Por seu lado, Wilker Dias refere que as fake news poderão influenciar a percepção dos eleitores e desencadear conflitos pós-eleitorais.

“A existência de fake news, por exemplo, uma fake news que pode determinar que um determinado partido ganhou em detrimento do outro, enquanto não é verdade, isto pode causar uma onda de indignação e a perspectiva de que os órgãos eleitorais estão a roubar, partindo do pressuposto de que há uma confiança mínima nos órgãos eleitorais e este acontecimento pode criar algum dissabores em termos práticos”, concluiu o analista político.

As eleições em Moçambique estão marcadas para o dia 09 de Outubro próximo.

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