CONFLITO
União Africana apela ao fim dos combates na cidade de El-Fasher
24/09/2024 22h31
Adis Abeba - A União Africana (UA) apelou hoje ao fim imediato dos combates na cidade sudanesa de El-Fasher, onde a escalada do conflito, que dura há mais de um ano e meio, tem aumentado.
O Presidente da comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, "apela à cessação imediata dos combates dentro e fora de El-Fasher", segundo um comunicado.
Há meses que o destino de El-Fasher preocupa a comunidade internacional.
As Nações Unidas advertiram, na semana passada que, centenas de milhares de civis estão ameaçados por uma violência maciça, nesta metrópole, de dois milhões de habitantes.
El-Fasher é a única capital dos cinco Estados do Darfur que não está nas mãos dos paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF), que no passado fim-da-semana lançaram uma ofensiva, após meses de cerco.
Segundo Faki Mahamat, "não pode haver uma solução militar para a crise no Sudão" e os combates "apenas prolongam o sofrimento do povo sudanês".
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, manifestou "grande preocupação" com as notícias da ofensiva "em grande escala" das RSF, instando o general Daglo a "actuar de forma responsável e a dar imediatamente ordem para parar o ataque".
Os paramilitares têm cercado a cidade desde Maio e, nos últimos meses, a violência matou centenas de pessoas, segundo os Médicos Sem Fronteiras.
Ambas as partes foram acusadas de crimes de guerra, incluindo ataques a civis, bombardeamentos indiscriminados de zonas residenciais, pilhagens e de bloqueio da ajuda humanitária vital.
Em Setembro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou um número de mortos de pelo menos 20.000 desde o início do conflito, mas algumas estimativas apontam para 150.000, segundo o enviado dos EUA para o Sudão, Tom Perriello.
A guerra sudanesa opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, aos paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF) do seu antigo adjunto, o general Mohamed Hamdane Daglo, desde abril de 2023.
Mais de dez milhões de pessoas foram também deslocadas pelos combates ou obrigadas a refugiar-se no estrangeiro, o que corresponde a um em cada cinco sudaneses.