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Prossegue contagem dos votos em Moçambique

Eleições em Moçambique
Eleições em Moçambique Imagens: DR

Redacção

Publicado às 12h53 11/10/2024 - Actualizado às 12h53 11/10/2024

Maputo - Os votos continuam a ser contados em Moçambique, dois dias depois das eleições realizadas a 09 do corrente mês, com Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, já a reclamar a vitória, tal como o partido no poder, a Frelimo.

“Esta manhã, devemos declarar a nossa vitória, a nível nacional”, disse no Facebook Venâncio Mondlane, de 50 anos, que durante a campanha apelou os seus apoiantes a "saírem à rua" para "reivindicar e defender esta pátria", reporta um despacho noticioso da VOA.

Por outro lado, um observatório que se diz independente, mas que foi criado por apoiantes da Frelimo, fez circular dados consolidados, com menos de cinco por cento dos votos, indicando que o partido actualmente no poder saiu vencedor.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem até 15 dias para anunciar os resultados eleitorais que vão eleger o próximo Presidente, o Parlamento, composto por 250 deputados, e 10 governadores provinciais, para além dos membros das assembleias provinciais. 

Resultados muito parciais já estão circular nas redes sociais, com cada concorrente a destacar os seus dados promissores, adianta a VOA.

“As primeiras tendências mostram um confronto entre a Frelimo e Venâncio”, diz o investigador do Instituto de Estudos de Segurança, Borges Nhamirre, que lembra que "o que conta é o que a comissão eleitoral vai anunciar” como resultados consolidados.

Estas eleições realizam-se num contexto económico sombrio, enquanto os ataques de insurgentes, no Norte do país, continuam a frustrar as esperanças da produção de gás natural no Oceano Índico.

O projecto liderado pelo grupo TotalEnergies, inicialmente estimado num investimento de 20 mil milhões de dólares, está paralisado desde 2021, em Moçambique, que continua a ser um dos países mais pobres do mundo.

Num país ainda assombrado por uma guerra civil (1975-1992), que custou um milhão de vidas e só terminou em 2019, com um acordo de paz final, a possibilidade de violência política preocupa muitos moçambicanos.

No dia da votação, foram registadas irregularidades, como eleitores vistos com dois boletins de voto na mão em vez de um, boletins de voto pré-preenchidos a favor da Frelimo interceptados, assessores da oposição à porta das assembleias de voto e assembleias de voto que fecharam, apesar de as pessoas na fila insistirem que tinham chegado a tempo.

Mas, não foram registados quaisquer actos de violência ou incidentes graves, segundo a CNE e vários observadores.

“É sobretudo agora que vai começar a fraude, com os resultados a serem publicados gradualmente”, sublinhou um analista, que quis manter o anonimato.

“Se Venâncio mostrar uma liderança sólida, a situação vai se tornar tensa muito rapidamente”, acrescentou.

Nas eleições de 2019, a Frelimo venceu com 73 por cento, havendo "especialistas" a sugerirem que a CNE poderá anunciar um resultado um pouco mais modesto desta vez, a fim de manter a Frelimo no poder, mas evitar a violência.

Durante as eleições autárquicas do ano passado, a oposição denunciou uma eleição “roubada”.

O Presidente cessante, Filipe Nyusi, apelou, na quarta-feira, a um acto eleitoral “calmo”, pedindo a todos que evitem “anunciar os resultados antecipadamente”.

Em Maputo, as escolas que serviram de assembleias de voto regressaram na quinta-feira ao alegre ruído dos seus recreios, enquanto os mercados voltaram à sua actividade frenética no meio dos engarrafamentos de trânsito.

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