Arquidiocese de Nairobi recusa donativo do presidente William Ruto
Nairobi - A Arquidiocese Católica de Nairobi rejeitou donativos feitos pelo Presidente William Ruto e pelo Governador de Nairobi, Johnson Sakaja, durante um serviço religioso na Igreja Católica de Soweto, no domingo passado, segundo a imprensa local.
Numa declaração de 18 de Novembro amplamente divulgada nas plataformas de redes sociais, o Arcebispo Philip Anyolo Subira recusou mais de 5 milhões de xelins quenianos (38.500 dólares) que o Presidente William Samoei Ruto ofereceu à Igreja Católica de Soweto no dia 17 de Novembro, para apoiar a construção de uma nova reitoria na freguesia.
O presidente deu ainda ao coro paroquial e à Infância Missionária Pontifícia uma recompensa em dinheiro de 600 mil xelins quenianos (4.600 dólares) e prometeu doar um autocarro à paróquia, os quais, o arcebispo também recusou, segundo a Agência Católica de Notícias (CNA).
No entanto, o Arcebispo Philip Anyolo anunciou que os fundos e as promessas seriam recusados, em linha com uma política da Conferência dos Bispos Católicos do Quénia (KCCB) que proíbe a Igreja Católica de aceitar donativos oriundos de políticos.
“Estes fundos serão devolvidos aos respectivos doadores e o autocarro prometido não será aceite”, lê-se num comunicado do Arcebispo Anyolo, salientando que a Igreja deve permanecer livre de influência política para salvaguardar a sua integridade e servir como um espaço neutro para o crescimento espiritual e comunitário.
O Arcebispo Anyolo apelou ainda aos políticos para que se concentrem na liderança ética e abordem as questões prementes levantadas pela KCCB, incluindo os desafios económicos e a crescente insegurança.
O anúncio segue-se a uma declaração recente da KCCB que critica o Governo por não cumprir as promessas de campanha e por introduzir o que descreveu como impostos “não razoáveis”.
Falando em Nairobi na passada quinta-feira, os bispos acusaram o Governo de sobrecarregar os cidadãos com impostos excessivos, considerando-o uma tentativa velada de reintroduzir a rejeitada Lei das Finanças de 2024.
“Parece uma forma oculta de trazer de volta a Lei das Finanças. O actual regime fiscal já é proibitivo e oneroso para os quenianos”, afirmou D. Maurice Muhatia.
Os bispos levantaram também preocupações sobre o aumento dos casos de raptos, desaparecimentos e execuções extrajudiciais, instando o Governo a abordar estas questões à medida que as famílias continuam a procurar justiça para os entes queridos afectados durante as recentes manifestações.