ELEIçõES

Manifestações forçam África do Sul a encerrar fronteira com Moçambique

Um pormenor da cidade de Maputo, Moçambique - DR
Um pormenor da cidade de Maputo, MoçambiqueImagem: DR

06/11/2024 13h40

Maputo - A Autoridade de Gestão de Fronteiras (BMA) da África do Sul encerrou temporariamente, esta terca-feira, o posto de Lebombo, após violentos protestos em Moçambique, que atingiram a vila de Ressano Garcia, reporta o News24.

A fronteira de Lebombo-Ressano Garcia é a mais importante entre África do Sul e Moçambique e é a maior fronteira terrestre de Moçambique, permitindo ao Estado a arrecadação de, pelo menos, 23 milhões de dólares por dia, segundo dados da Autoridade Tributária, citados pela imprensa.

O comissário da Autoridade de Gestão, Michael Masiapato, disse, ao portal News24, que a decisão de encerrar a fronteira resulta da violência registada na vila de Ressano Garcia, na província de Maputo, adiantando que "alguns edifícios foram incendiados. A fronteira será encerrada para garantir a segurança dos viajantes".

Adiantou que a sua instituição está a monitorar a situação, em coordenação com as autoridades moçambicanas, para determinar a reabertura da fronteira logo que seja seguro, mas, enquanto tal não acontece, aconselha o uso de vias alternativas.

Desde o início das manifestações, em finais de Outubro, a fronteira tem funcionado de forma deficiente, o que levou a Autoridade Tributária a afirmar que, nos primeiros três dias de manifestações, perdeu pelo menos 70 milhões de dólares, devido à interrupção do movimento migratório.

As manifestações foram convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reivindica vitória nas eleições de 09 de Outubro.

Os resultados oficiais dão vitória ao candidato da Frelimo, Daniel Chapo, com 70.67 por cento de votos, ficando Mondlane, em segundo lugar, com 20.32 por cento.

Face à manifestações, ministro da Defesa sugere reconciliação

O ministro moçambicano da defesa, Cristovão Chume, apela a calma, união e reconciliação para resolver a actual tensão que se assiste no país, apelando ainda ao diálogo com todos os actores sociais, que possam interagir para o bem social, em Moçambique.

Falando em Maputo, em reacção às manifestações, Cristovão Chume disse que as mesmas visam “retirar o Governo democraticamente eleito”, adiantando que "as mensagens que tem sido difundidas demonstram essa intenção".

Disse que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique reiteram o seu compromisso na manutenção da segurança e tranquilidade no país.

Referiu que, nas acções que visam conter a onda de manifestações, não se tem registado a participação de nenhuma força estrangeira, desmentindo a informação da presença de tropas rwandesas em acções para reprimir a onda de manifestações.

Nas manifestações em curso, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane para contestar o resultado das eleições, as forças de segurança têm recorrido a gás lacrimongéneo, balas de borracha e verdadeiras para travar jovens desarmados.

Sobre a possibilidade de presença de militares na rua, o ministro da Defesa apelou a não participação de crianças nas manifestações, por forma a não comprometer o seu futuro, e apelou que as mesmas ocorram em coordenação com a Polícia e com as Forças de Defesa e Segurança.

Justificou que a presença dos militares na rua é no sentido de dar apoio à Polícia, por forma a limpar as estradas, para além de realizar missões de interesse público junto à comunidade limpando as vias públicas, bem como proteger instituições críticas para que não sejam vandalizadas e para que não ocorrem manifestações.

“Mas se o escalar da violência continuar, não colocamos de parte a entrada da Forças de Defesa para a manutenção da ordem pública,” rematou.

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