MANIFESTAçõES
Manifestantes moçambicanos bloqueiam circulação com a África do Sul
14/11/2024 10h45
Maputo - Manifestantes ocuparam, quarta-feira, a estrada Nacional 4, junto à fronteira de Ressano Garcia, impedindo a circulação na maior travessia terrestre entre Moçambique e África do Sul, no primeiro de três dias de protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A fronteira, a cerca de 90 quilómetros de Maputo, reabriu totalmente no sábado passado, depois de confrontos provocados por manifestantes que condicionaram a passagem durante cerca de uma semana, o que levou, entretanto, a um reforço policial no perímetro fronteiriço.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane pediu um novo período de manifestações nacionais em Moçambique, durante três dias, a partir de quarta-feira, em todas as capitais provinciais, incluindo Maputo, contestando o processo eleitoral.
"Vamo-nos manifestar nas fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais (...). Vamos paralisar todas as actividades para que percebam que o povo está cansado", apelou na segunda-feira Venâncio Mondlane, sobre a "quarta etapa" de contestação ao processo das eleições gerais de 9 de Outubro.
Um protesto que pediu para ser alargado aos portos e às fronteiras do país, e aos corredores de transporte que ligam estas infraestruturas, apelando à adesão dos camionistas: "Não obrigamos ninguém a aderir à manifestação. Passamos os valores da manifestação e quem quiser adere".
ONG diz que seis pessoas morreram nas manifestações de quarta-feira
Entretanto, a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral "Decide", denunciou, quarta-feira, que pelo menos seis pessoas morreram esta manhã na província de Nampula (norte), e outras nove ficaram detidas em Manica (centro), em confrontos entre manifestantes e polícia.
Segundo dados divulgados no levantamento feito por aquela plataforma que monitoriza o processo eleitoral, pelo menos oito pessoas foram igualmente baleadas na província de Nampula, também em tumultos entre as autoridades policiais e manifestantes, segundo a Lusa.
Sector empresarial nacional perdeu cerca de 24,8 mil milhões de meticais
Por outro lado, o sector empresarial nacional perdeu cerca de 24,8 mil milhões de meticais (USD 388. 146. 536) devido a paralisação das actividades, na sequência das manifestações pós-eleitorais.
O Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique disse, quarta-feira, em conferência de imprensa, em Maputo, que os sectores de comércio, logística e transportes, foram os mais afectados.
Agostinho Vuma disse, ainda, que as vandalizações das unidades empresariais, aliadas aos protestos, colocaram em risco mais de mil e duzentos postos de trabalho, principalmente nas cidades de Maputo e Matola.
Polícia diz que preciso colocar um "basta" às manifestações e paralisações
Na terça-feira, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, afirmou que é preciso colocar um "basta" às manifestações e paralisações, referindo que são actos de "terrorismo urbano" com intenção de "alterar a ordem constitucional".
"Urge dizer basta às manifestações violentas com tendência de sabotagem de grandes empreendimentos que o país conquistou durante a independência e que são a esperança da geração vindoura", declarou Bernardino Rafael.
Por seu turno, 208 processos-crime foram instaurados pelo Ministério Público (MP) moçambicano para responsabilizar os autores "morais e materiais" da violência nas manifestações pós-eleitorais.