Praia - O Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição a nível nacional, obteve uma vitória arrasadora nas eleições autárquicas, este domingo, ao conquistar 15 das 22 câmaras municipais do país.

O MpD, no poder a nível nacional, manteve apenas sete das 14 câmaras que detinha até a realização das eleições, enquanto o PAICV, passou de oito para 15 autarquias.

O resultado é apontado por observadores políticos como uma derrota em toda a linha também para o Governo de Ulisses Correia e Silva, que se envolveu com os seus ministros nas campanhas, indica um despacho da VOA.

Com 98,1 por cento dos votos escrutinados, o PAICV elegeu 80 vereadores a nível nacional, enquanto o MpD apenas teve 40 vereadores eleitos.

A UCID, terceiro partido no Parlamento nacional, elegeu dois vereadores para a Câmara Municipal de São Vicente, onde o MpD venceu, mas sem maioria absoluta.

No segundo maior círculo eleitoral, São Vicente, Augusto Neves (MpD) venceu com 41,3 por cento, seguido do PAICV (26,4) e da UCID (24,6). MpD elege três vereadores, PAICV e UCID, dois cada um.

Nas assembleias municipais, o PAICV será maioria em 14 e o MpD, em oito, com a particularidade de na ilha Brava, a câmara ter sido ganha pelo PAICV e a assembleia municipal pelo MpD.

O embate que concentrou todas as atenções e que, para analistas políticos, serviria como um termómetro com vista às eleições legislativas de 2025, foi na capital, Praia, em que o MpD apostou num "peso pesado", o ex-ministro da Cultura e das Indústrias Criativas e também do Mar, Abrão Vicente, para derrotar o PAICV, que dirige a edilidade desde 2020.

Francisco Carvalho, do PAICV e actual edil da Praia, ganhou de forma folgada, com 61,1 por cento dos votos, e, ao contrário de 2020, vai governar com muito maior margem de manobra.

A vitória do PAICV é tão arrasadora que, pela primeira vez, o partido ganhou a Câmara do Porto Novo, do Maio e a dos Órgãos.

Um dos mais importantes municípios, Santa Catarina de Santiago também volta a ser dirigido pelo PAICV.

As eleições legislativas acontecem no primeiro semestre de 2025 e o resultado das autárquicas terá algum impacto no processo, embora não necessariamente possa determinar o próximo vencedor.