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Avião com cocaína apreendido em Bissau seguia para o Mali

Cocaína
Cocaína Imagens: DR

Redacção

Publicado às 12h58 06/12/2024 - Actualizado às 12h58 06/12/2024

Luanda - O avião com 2,6 toneladas de droga apreendido em Setembro, na Guiné-Bissau, partiu do México e tinha como destino o Mali, segundo os cinco arguidos do processo que começou a ser julgado na capital guineense.

O tribunal ouviu quarta-feira, na primeira sessão, todos os arguidos, que recusaram revelar quem fretou o voo, dizendo apenas que o avião saiu do México e tinha como destino o Mali e que a paragem em Bissau se deveu a uma emergência.

 Esta audiência de julgamento do processo ficou marcada por uma paragem forçada por uma falha no sistema de energia no tribunal, que afectou grande parte da capital guineense. A audiência foi retomada com perguntas aos cinco ocupantes da aeronave que transportou a droga até Bissau e, de forma unânime, todos confirmaram que o destino do avião era o Mali e apenas aterrou na capital guineense "numa emergência".

"Sou o co-piloto do avião. Fomos contratados para voar do México para o Mali, o avião ficou sem combustível e decidimos aterrar numa emergência em Bissau", declarou um dos arguidos.

Prosseguindo, e sempre com um funcionário designado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense como intérprete do castelhano para o português, o copiloto afirmou que se encontra "nesta situação" sem que saiba os motivos.

"Não sabíamos que o avião tinha droga", afirmou, seguindo a mesma argumentação que tinha sido avançada ao tribunal pelos restantes arguidos, todos elementos da tripulação do aparelho.

Os cinco encontram-se em prisão preventiva desde a apreensão da droga e do avião e a defesa de um dos arguidos solicitou ao tribunal que autorizasse que fosse levantada a medida de coação, "por razões médicas", devido a alegada doença do cidadão brasileiro também integrante da tripulação surpreendida pela Polícia Judiciária no dia 07 de Setembro a bordo do avião. A defesa dos restantes arguidos, composta por quatro advogados guineenses, secundou o pedido, que foi recusado pelo colectivo de juízes.

O tribunal também recusou o pedido da defesa dos réus de devolução do avião, um Gulfstream IV, arrestado pelas autoridades de Bissau, por entender que o caso do avião "é um outro assunto".

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, já anunciou, em diversas ocasiões, que o aparelho será vendido e o dinheiro revertido a favor do Estado.

A sessão de julgamento ficou marcada por várias respostas de "prefiro ficar em silêncio" por parte dos cinco réus, nomeadamente ao serem questionados sobre de quem partiu a ordem da aterragem do avião no aeroporto de Bissau, que países atravessaram antes de pousar na capital guineense ou quem seria o dono da "encomenda" no Mali.

O Ministério Público ainda quis saber por que motivo a tripulação não inspeccionou o aparelho antes de levantar voo no México, já que afirma desconhecer a natureza da carga a transportar, ao que o co-piloto respondeu que a prática "não se aplica a voos particulares". Este arguido também preferiu não identificar a entidade que contratou a aeronave no México para o Mali. "São pessoas conhecidas, amigas", declarou.

Às perguntas da defesa, o co-piloto respondeu que a PJ guineense não apresentou mandado de busca e apreensão no avião, que não foram acompanhados por advogados na fase dos inquéritos, que não assistiram à pesagem e teste da droga apreendida e que nunca se fizeram acompanhar de intérpretes.

A defesa ainda quis saber se aquele avião tinha capacidade para transportar mais de 2,6 toneladas de droga, ao que o arguido disse que não. "Ainda mais com aquelas pessoas a bordo", observou o copiloto do avião que se mantém estacionado na ala militar do aeroporto internacional Osvaldo Vieira.

 

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