Accra - O antigo Presidente do Ghana, John Dramani Mahama, obteve uma vitória histórica nas eleições, este sábado, o que marca o seu regresso, com o candidato do Novo Partido Patriótico (NPP), actualmente no poder, a admitir a sua derrota e reconhecer os resultados.

Este domingo, o candidato do NPP, o Vice-Presidente Mahamudu Bawumia, admitiu a derrota nas eleições presidenciais de sábado, depois de não ter conseguido afastar a frustração generalizada com o elevado custo de vida.

A derrota nas eleições de sábado põe fim a oito anos de poder do NPP, sob liderança do actual Presidente do país, Nana Akufo-Addo, marcados pela pior turbulência económica dos últimos anos, uma inflação elevada e incumprimento no pagamento da dívida.

Para John Dramani Mahama, que já foi presidente, entre 2012 e 2017, esta foi a sua terceira tentativa de recuperar o posto mais alto do país, depois de ter sido derrotado nas eleições de 2016 e 2020.

“O povo do Ghana falou, o povo votou pela mudança nesta altura e nós respeitamos isso com toda a humildade”, disse, por seu lado, o candidato derrotado, numa conferência de imprensa, ladeado por dirigentes do seu partido.

Numa reacção rápida, com a contagem oficial dos votos ainda a ser feita, Bawumia disse ter telefonado ao seu adversário, o candidato do Congresso Nacional Democrático (NDC) e antigo presidente John Mahama, para lhe felicitar.

Na sua conta no X, Dramani Mahama confirmou ter recebido a chamada de felicitações de Mahamadu Bawumia pela sua vitória. O vice-presidente afirmou que Mahama ganhou a presidência “de forma decisiva”, assim como o partido NDC de Mahama ganhou as eleições parlamentares do país, de acordo com a contagem interna de votos do NPP.

"É muito claro que o povo deste país votou pela mudança”, reconheceu.

Os problemas económicos do Ghana dominaram as eleições, depois de o produtor de ouro e cacau da África Ocidental ter passado por uma crise de incumprimento e desvalorização da moeda, que terminou com um resgate de três mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional.

O porta-voz do NDC, Sammy Gyamfi, disse aos jornalistas que a revisão interna dos resultados feita pelo seu partido mostrou que Mahama obteve 56,3 por cento dos votos, contra 41,3 por cento de Bawumia. “É muito claro que o povo deste país votou pela mudança”, disse Gyamfi.

Os partidos políticos tinham agentes nas assembleias de voto para observar e registar as contagens iniciais dos votos, antes de estes serem enviados para o apuramento oficial, pela comissão eleitoral. O vice-comissário da Comissão, Bossman Asare, disse aos jornalistas que os resultados regionais ainda não tinham chegado ao centro nacional.

A comissão garantiu que os resultados oficiais deverão ser conhecidos na terça-feira.

Com um historial de estabilidade democrática, os dois principais partidos do Ghana, o NPP e o NDC, têm-se alternado no poder, em pé de igualdade, desde o regresso ao multipartidarismo, em 1992.

Apesar de a inflação ter abrandado de mais de 50 por cento, para cerca de 23 por cento, e de outros indicadores macro-económicos estarem a estabilizar, as dificuldades económicas continuavam a ser uma questão eleitoral clara para muitos. 

Durante a campanha eleitoral, o antigo presidente e agora vencedor também enfrentou críticas daqueles que se lembram dos problemas financeiros do seu governo, especialmente os cortes maciços de electricidade que marcaram o seu mandato.