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Moçambique: nova onda de protestos e banco central prevê aumento de preços
03/12/2024 11h22
Maputo - A plataforma eleitoral "Decide" informou que 76 pessoas morreram e 240 ficaram feridas, em Moçambique, durante os 41 dias de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, no dia 24 de Outubro último, contra o que chamou de “fraude eleitoral e reposição da vontade popular”.
Um relatório divulgado por aquela organização não governamental, esta segunda-feira, indica que mais de mil e 700 pessoas ficaram feridas por causas diversas e ocorreram cerca de três mil detenções, dá a conhecer um despacho da VOA
Estes números foram revelados no dia em que Venâncio Mondlane apelou a adesão a uma nova fase de protestos, a que apelidou de 4x4, que visa que em todos os bairros as pessoas paralisem a circulação automóvel das oito às 16 horas.
“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros, não temos necessidade de fazer grandes deslocações, levantando os nossos cartazes”, disse Venâncio Mondlane, solicitando que os protestos aconteçam durante sete dias, a partir da quarta-feira (04).
Venâncio Mondlane continua em parte incerta e desconhece-se como, onde e quando será realizada um novo diálogo entre o Presidente da República e os quatro candidatos presidenciais, depois de ter abortado o encontro marcado para o passado dia 26 de Novembro último.
Entretanto, mantém-se alguma expetativa, em relação a esta nova fase de protestos, porque as pessoas começam a sentir a necessidade de regressar ao trabalho, como já acontece, apesar dos protestos.
Sexta-feira última, no seu relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas da Inflação, o Banco de Moçambique alertou que os preços vão aumentar, até final do ano, devido às consequências da tensão pós-eleitoral.
Embora o relatório do banco central de Moçambique indique que a inflação se manteve estável em Outubro, apesar de um ligeiro aumento para 2,68 por cento, a instituição adianta que as perspectivas de curto prazo apontam para uma aceleração da inflação anual, no quarto trimestre de 2024.
"Esta previsão decorre, essencialmente, das restrições no fornecimento de bens e serviços decorrentes da tensão pós-eleitoral", acrescenta o documento do banco central, que salienta que o inquérito de Novembro aos agentes económicos "aponta para a estabilidade da inflação anual", em torno de 3,14 por cento, em Dezembro, equivalente a 19 pontos base "abaixo das expectativas divulgadas no inquérito anterior".
Recorde-se que a Comissão Nacional de Eleições atribuiu a vitória ao candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, com 70,6 por cento dos votos, tendo a Frelimo vencido também as eleições legislativas e para os governadores.
O partido Podemos, que apoia Venâncio Mondlane, recorreu ao Conselho Constitucional que, até agora, não se pronunciou sobre os recursos interpostos, assim como proclamar os resultados definitivos das eleições de 09 de Outubro.