Etiópia lança oficialmente bolsa de valores
Addis Abeba - A Etiópia lançou na última sexta-feira, oficialmente, a sua bolsa de valores, um passo rumo à liberalização da sua economia, que ainda é maioritariamente gerida pelo Estado, anunciado pelo Primeiro-Ministro etíope como "um novo começo".
"Este é um novo começo", afirmou Abiy Ahmed na inauguração em Addis Abeba, exortando os etíopes a "assumir riscos" num discurso antes de tocar simbolicamente o tradicional sino que dá início às sessões da bolsa. "Faremos do mercado de capitais um sucesso", garantiu.
Por seu lado, o presidente da Bolsa de Valores da Etiópia (ESX), Tilahun Kassahun, disse, sem fixar um calendário, que a ambição é ter 90 empresas cotadas e quatro milhões de investidores.
A última bolsa de valores do país foi encerrada há quase 50 anos, após a queda do imperador Haile Selassie, em 1974, e a chegada ao poder de um regime de inspiração marxista, o Derg, que nacionalizou a economia.
Em Outubro, o Governo organizou as primeiras vendas de acções do operador público de telecomunicações Ethio Telecom, até ao máximo de 10 por cento, uma reforma que se segue à liberalização da taxa de câmbio, em Julho, uma das condições para o país beneficiar do programa actual do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo país mais populoso de África, com cerca de 120 milhões de habitantes, a Etiópia registou elevadas taxas de crescimento económico, frequentemente superiores a 10 por cento ao ano, entre 2004 e 2019.
Os efeitos da pandemia de Covid-19 e o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia afectaram nos anos subsequentes o crescimento, que baixou para uma média de 5,9 por cento entre 2020 e 2023, com a inflação a subir de 20,4 por cento para 30,2 por cento no mesmo período, de acordo com os dados do Banco Mundial.