MUDANçãS CLIMáTICA

Cabo Verde precisa de investimentos urgentes face às alterações climáticas

Cabo Verde precisa de investimentos urgentes face às alterações climáticas - DR
Cabo Verde precisa de investimentos urgentes face às alterações climáticasImagem: DR

17/01/2025 08h19

Cidade de Praia - O Banco Mundial alertou nesta quarta-feira, 15 de Janeiro, que Cabo Verde deve promover medidas urgentes para enfrentar as alterações climáticas sob pena de o Produto Interno Bruto (PIB) se retrair nos próximos 25 anos.

“Sem medidas urgentes, o PIB pode contrair-se em 3,6% até 2050”, referiu Indira Campos, representante do Banco Mundial (BM) no país, na apresentação do Relatório sobre Clima e Desenvolvimento (CCDR, na sigla em inglês), na cidade da Praia.

De acordo com as mesmas projecções, a pobreza pode agravar-se 6,4%, com um em cada cinco cabo-verdianos exposto às alterações climáticas. A maioria dos danos, referiu, “teria origem no sector turismo”, com uma queda de 10% naquela que é a espinha dorsal da economia do arquipélago, segundo a Lusa.

O documento sugere uma transição do modelo de turismo “de sol e mar” para outros como ecoturismo, turismo cultural, náutico e pesca desportiva, menos susceptíveis aos riscos climáticos, diversificando a oferta até agora concentrada nas ilhas do Sal e Boa Vista.

Os episódios de secas cíclicas prolongadas, desertificação e eventos extremos de precipitação que causam cheias repentinas, especialmente nas áreas urbanas, são exemplos das ameaças.

A subida do nível do mar, a erosão costeira e a perda de biodiversidade e ecossistemas são problemas que afectam particularmente as praias e zonas costeiras, pondo em risco a sustentabilidade do sector do turismo.

O CCDR é um “instrumento importante de política pública”, referiu a representante do Banco Mundial, acrescentando que, apesar das ameaças, “Cabo Verde tem potencial para transformar os desafios em oportunidades, tem demonstrado liderança” na temática e estabeleceu “objectivos ambiciosos” para a transição energética.

O relatório define “um roteiro” que recomenda “investimentos em energias renováveis e agricultura inteligente”, além de outros resilientes ao clima.

Segundo a representante, o arquipélago precisa de 140 milhões de dólares anuais, cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB), ao longo da próxima década para responder aos desafios climáticos e de desenvolvimento.

“São necessárias parcerias inovadoras e um ambiente de negócios favorável para captar capital privado”, reiterou, salientando que a acção climática pode adicionar entre 0,4 a um ponto percentual ao PIB, até 2050, além de benefícios em segurança alimentar, protecção social e emprego de qualidade.

O ministro da Agricultura de Cabo Verde, Gilberto Silva, anunciou na cerimónia que o Governo deverá remeter, em breve, uma lei do clima para o Parlamento, destinada a “consolidar o quadro normativo e institucional” ligado a esta temática.

O país “precisa de mais recursos” para promover os investimentos, reforçou Gilberto Silva, apelando a uma dinâmica inovadora para captar financiamentos.

Os relatórios CCDR foram produzidos inicialmente para 25 estados e estão a sê-lo para mais países com o objectivo de envolver governos, sector privado, meio académico, grupos de reflexão e a sociedade civil na discussão sobre as mudanças climáticas.

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