AGRICULTURA
Investimento privado na agricultura para o desenvolvimento de África
18/01/2025 06h39
Nova York - Economistas do Banco Mundial defendem que o investimento privado na agricultura é a maneira mais eficaz para os governos do continente africano desenvolverem a economia e potenciarem o desenvolvimento dos seus países, lembrando casos de sucesso na Ásia.
“Os desafios a curto e longo prazo incluem ultrapassar a situação de endividamento excessivo, reduzir o conflito, ser mais resiliente, especialmente face às alterações climáticas, e aumentar a produtividade, e neste contexto a agricultura é um bom sítio para começar, já que é o maior sector empregador do continente”, disse o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, juntamente com o seu adjunto, Ayhan Kose.
Numa conferência de imprensa de lançamento do relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais, Indermitt Gill apontou que “as políticas orçamentais são fundamentais para garantir um ambiente estável e atractivo para o sector privado”, encarado como essencial para garantir o desenvolvimento das economias devido à falta de margem financeira dos governos.
“Tem de ser o investimento privado porque é o sector privado que cria empregos, complementando com políticas muito agressivas na saúde, na educação e no capital humano”, acrescentou o economista, concluindo que “é isso que garante que África recolha as vantagens do dividendo demográfico e permite canalizar a despesa pública para educação de qualidade e prestação de serviços de saúde.”
Os economistas do Banco Mundial lembraram o exemplo de vários países na Ásia que aceleraram o desenvolvimento nas últimas décadas.
“No contexto das economias africanas e nos mercados emergentes, a mensagem básica é que não há atalhos para o crescimento económico, é preciso tempo e esforço, mas o que é preciso é começar”, consideraram, e, neste contexto, a agricultura é o sector mais abrangente e, por isso, o prioritário.
Para os especialistas em economia da instituição financeira internacional, o investimento privado surgirá se os governos melhorarem as políticas macroeconómicas e monetárias, garantirem a estabilidade e se integrarem nas cadeias de valor globais através de parcerias estratégicas que dêem aos investidores a confiança necessária para investirem em grande escala.
Nos países de baixo rendimento, onde estão a Guiné-Bissau e Moçambique, “a grande prioridade é trazer o investimento privado, que foi a garantia de sucesso para os países que hoje estão num patamar mais acima, o de rendimento médio”, como os restantes países lusófonos africanos – Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe.
Para os países de rendimento médio, as principais recomendações passam, por um lado, por reduzir gastos quando os preços das matérias-primas estão elevados e cortar a despesa quando o preço internacional desce, porque “agrava a volatilidade que as economias já têm e aumenta a incerteza que os privados já enfrentam quando têm de operar nesses países”; por outro, “implementar políticas que acelerem o investimento privado.”
O Banco Mundial prevê que a economia da África Subsaariana cresça mais, de 3,2% no ano passado para 4,1% este ano, com a Guiné-Bissau a ser o país lusófono com a maior expansão, estimada em cinco por cento.