África do Sul resiste a pressão dos EUA sobre o comércio de minerais
Cidade do Cabo - O ministro dos Recursos Minerais da África do Sul, Gwede Mantashe, divulgou uma resposta às ameaças do Presidente dos EUA, Donald Trump, de reter o financiamento após a assinatura pela África do Sul da Lei de Expropriação de Terras.
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, promulgou, em Janeiro deste ano, uma lei que permite a expropriação de terras pelo Estado sem compensação.
Na conferência African Mining Indaba 2025, organizada na Cidade do Cabo, Gwede Mantashe sugeriu que África deveria utilizar a sua riqueza mineral como instrumento de negociação contra a pressão económica ocidental.
As observações de Mantashe realçam a vasta riqueza mineral de África, em especial o domínio do seu país nos metais do grupo da platina (PGM) – uma componente essencial das indústrias de alta tecnologia e de energia verde.
O presidente da Comissão Europeia alertou para o facto de o continente ter de se manter firme contra a intimidação externa.
“Se, enquanto continente, tivermos medo e recearmos tudo, então vamos entrar em colapso. Mas vamos entrar em colapso com os minerais à nossa porta”, frisou o responsável.
Os EUA confiam nos minerais sul-africanos para as indústrias de alta tecnologia
De acordo com o Gabinete de Avaliações Tecnológicas dos EUA, a África do Sul é um fornecedor importante de metais preciosos, metais de base, ferro e produtos químicos para os Estados Unidos.
Em 2021, as importações de minerais da África do Sul pelos EUA foram avaliadas em 15,7 mil milhões de dólares, com os metais do grupo da platina a representarem quase metade das exportações da África do Sul para os norte-americanos;
Estes metais são cruciais para a produção de alta tecnologia, utilizada em automóveis, energias renováveis, electrócnica e aplicações militares.
Se a África do Sul restringisse o seu fornecimento, os EUA poderiam enfrentar graves perturbações nos sectores dependentes destes materiais, afectando a segurança nacional e a produção industrial.
Entretanto, embora a África do Sul possa, teoricamente, utilizar os seus minerais como alavanca, fazê-lo poderia ter consequências económicas significativas.
Os EUA continuam a ser um importante parceiro comercial e a redução das exportações poderia ter impacto nas receitas estrangeiras e na criação de emprego no sector mineiro.
Todavia, mercados alternativos como a China, a Índia e a União Europeia poderiam absorver parte da produção mineral da África do Sul, reduzindo potencialmente a dependência das parcerias comerciais com os EUA.
Sobre o assunto, o portal Further Africa comenta que com o impulso global para a transição energética e a expansão industrial, os minerais da África do Sul continuam a ser muito procurados – o que significa que o país pode ter mais poder de negociação do que Washington espera.
Os próximos meses revelarão se a África do Sul se mantém firme ou se procura uma solução diplomática com os EUA, segundo o Further Africa.