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Ajuda aos refugiados no Egipto suspensa por falta de financiamento

Ajuda aos refugiados do Sudão no Egipto suspensa por falta de financiamento
Ajuda aos refugiados do Sudão no Egipto suspensa por falta de financiamento Imagens: DR

Redacção

Publicado às 20h14 25/03/2025

Cairo - O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou esta terça-feira ter suspendido a ajuda aos refugiados no Egipto por falta de financiamento, admitindo que muitos dos que fugiram da guerra no Sudão ficarão sem cuidados médicos.

"A falta de fundos disponíveis e a profunda incerteza sobre o nível de contribuições dos doadores este ano forçaram o ACNUR a suspender todos os cuidados médicos para refugiados no Egipto, com exceção das intervenções de emergência que salvam vidas, afetando aproximadamente 20 mil doentes", afirmou a agência da ONU, em comunicado hoje divulgado.

Segundo a agência das Nações Unidas, a suspensão aplica-se a cirurgias oncológicas, quimioterapia, cirurgia cardíaca e medicamentos para doenças crónicas, como diabetes e hipertensão.

De acordo com o responsável pela saúde pública da organização no Cairo, Jakob Arhem, "muitos dos que já não receberão apoio do ACNUR e não podem pagar o tratamento, morrerão".

No ano passado, o Alto Comissariado recebeu menos de metade dos 135 milhões de dólares necessários para ajudar mais de 939.000 refugiados registados e requerentes de asilo do Sudão e de 60 outros países que vivem atualmente no Egipto.

"No entanto, a redução drástica do financiamento humanitário desde o início do ano levou a uma grave escassez [de recursos financeiros], forçando o ACNUR a fazer escolhas difíceis sobre quais os programas vitais suspender ou manter", referiu a organização da ONU.

No início do ano, quando assumiu a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump congelou grande parte do financiamento à ajuda humanitária, o que tem afetado muitas organizações incluindo da ONU.

Quase metade do financiamento da ACNUR (40% do orçamento total) tinha origem nos Estados Unidos, o que já provocou cortes nos programas e a demissão de pelo menos 400 trabalhadores da agência.

De acordo com a ACNUR, os refugiados sudaneses, que fugiram para o Egipto após o início do conflito em abril de 2023 entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares, serão dos mais afectados.
O EgiPto acolheu mais de 1,5 milhões de sudaneses, cerca de 670.000 dos quais estão registados no ACNUR.

Segundo Jakob Arhem, além de fugir à violência, o acesso a cuidados de saúde foi um fator fundamental para muitos refugiados sudaneses que chegaram ao Egipto.

"O sistema de saúde sudanês foi um dos primeiros a entrar em colapso após o início dos conflitos, e muitas famílias acompanharam pessoas doentes que já não podiam receber tratamento no Sudão", explicou.

O ACNUR dá prioridade a actividades que salvam vidas e a assistência aos grupos mais vulneráveis, incluindo crianças não acompanhadas e vítimas de violência sexual e tortura.

 

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