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Investimento da Exim Bank na Moçambique LNG gera tensão política nos EUA

Investimento da Exim Bank na Moçambique LNG gera tensão política nos EUA
Investimento da Exim Bank na Moçambique LNG gera tensão política nos EUA Imagens: DR

Redacção

Publicado às 09h21 27/03/2025

Washington - O anúncio de um financiamento de cerca de 4,7 mil milhões de dólares por parte do Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos (US Exim Bank) ao projecto de gás natural liquefeito (LNG) em Moçambique reacendeu um aceso debate em Washington relativamente às prioridades energéticas do país e ao papel dos investimentos no estrangeiro.

O empreendimento, situado na província de Cabo Delgado, no Norte do País, prevê uma capacidade anual de produção de 12,88 milhões de toneladas de LNG.

Trata-se de uma das maiores iniciativas energéticas em África, com ampla participação internacional e potencial estratégico no abastecimento global de energia.

Contudo, a decisão de apoiar financeiramente o projecto moçambicano tem sido vigorosamente contestada por diversas figuras do espectro político conservador norte-americano, que acusam a Administração de comprometer os interesses energéticos internos em favor de operações no exterior.

Entre os opositores destaca-se Rick Perry, antigo secretário da Energia dos Estados Unidos, o qual condenou a medida por considerar que esta põe em causa a doutrina do “America First”, segundo o jornal Fox Business.

Segundo Perry, cada molécula de gás extraída em Moçambique constitui concorrência directa ao LNG norte-americano, sobretudo em mercados estratégicos como os da Europa e da Ásia.

As críticas incidem particularmente sobre o contraste com projectos nacionais, como o Alaska LNG, que, embora preveja uma produção superior — na ordem das 20 milhões de toneladas por ano —, enfrenta dificuldades no acesso a financiamento e licenciamento.

Para além das considerações económicas, a instabilidade na região de Cabo Delgado continua a suscitar apreensões. Desde 2017, o norte de Moçambique tem sido alvo de ataques por grupos insurgentes, o que levou à suspensão temporária do projecto em 2021.

Embora a presença de forças militares do Rwanda tenha contribuído para alguma estabilização, o contexto de segurança permanece incerto.

Vozes como a de Steve Forbes, presidente da Forbes Media, e a de Jamieson Greer, antigo representante comercial dos EUA, alertam para os riscos associados a investimentos em zonas geopolítica e logisticamente vulneráveis, defendendo uma aposta mais firme em projectos domésticos.

O apoio ao LNG moçambicano reacendeu igualmente críticas à missão do US Exim Bank. Charlie Kirk, activista conservador e fundador do movimento Turning Point USA, apelou a uma revisão da actuação da entidade, tendo mesmo sugerido a sua dissolução.

Kirk defende que “o dinheiro dos contribuintes norte-americanos não deve financiar empresas estrangeiras a operar fora do país”.

Este episódio revela uma crescente divisão interna quanto ao posicionamento estratégico dos Estados Unidos no sector energético: por um lado, a necessidade de garantir influência global e diversificar fontes de energia; por outro, o imperativo de proteger a produção nacional e assegurar a independência energética a partir de recursos próprios.

A imprensa internacional comenta que a tensão instalada reflecte, pois, não apenas uma disputa política, mas uma profunda clivagem sobre o rumo que os Estados Unidos deverão seguir no equilíbrio entre segurança energética, influência geopolítica e responsabilidade fiscal.

 

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