Conheça o povo Dogon, os mestres africanos da astrologia e da astronomia
O povo Dogon, que habita o Mali e o Burkina Faso, acumulou ao longo dos séculos um profundo conhecimento sobre astrologia e astronomia. Conhecimento que, muito mais tarde, a ciência comprovou, o que deixou cientistas e pesquisadores do mundo inteiro intrigados: como foi possível um povo vindo de tempos tão remotos, sem acesso às avançadas tecnologias e métodos de pesquisa da ciência moderna – como os telescópios –, alcançar um nível tão sofisticado num assunto extremamente complexo?
Os dogons afirmavam, por exemplo, que o "Deus Amma" vinha de uma estrela específica, a Sirius B, o mesmo local onde os Keméticos (egípcios) diziam que Osiris teria nascido.
Mas a questão é que a Sirius B fica tão distante que não é visível sem ajuda de um Telescópio, ou como se diz, a olho nu.
Segunda estrela mais próxima do sistema solar, a Sirius B fica a 8,6 anos-luz de distância, e não é visível com os telescópios comuns. Ela foi fotografada pela primeira vez em 1970.
A ciência moderna comprovou que a Sirius B realmente existe, mas os Dogons sabiam disso muito tempo antes. Medidas tiradas com o telescópio Random, em 2003, confirmaram que ela já saiu da sequência principal e se tornou uma estrela anã branca.
Uma estrela parcialmente esgotada com massa extremamente densa. Embora o seu tamanho seja menor que o da Terra, ela pesa cerca de oito vezes mais do que o nosso Sol.
Como os dogons conheciam essa estrela antes dos astrónomos saberem da existência de uma estrela ao lado de Sirius e que não é visível a olho nu? É por essas e outras questões que, desde o início do século XX, o povo Dogon tem sido estudado e pesquisado por diversos cientistas, antropólogos e historiadores.
E, como nada vem do acaso, o povo Dogon, em sua sabedoria, já dizia em um dos seus provérbios: "O universo é consciente, o universo é inteligente". Os dogons assustaram o mundo com o seu vasto conhecimento astronómico.
Sabedoria ancestral
Para explicar a origem desse conhecimento, que antecede a astronomia moderna, os dogons dizem que os seus ancestrais viajavam para o espaço de uma forma espiritual – eles mantinham o corpo físico na terra, mas o espírito "viajava".
Eles também dizem que receberam visitas de extraterrestres vindos do sistema Sirius. Segundo os dogons, essa sabedoria astronómica vem de "uma raça extraterreste denominada Nommos", que chegou ao planeta por meio de uma embarcação.
Por meio de danças típicas e uso de fantasias, os dogons comemoram esses feitos a cada 50 anos, que é o tempo que a estrela Sirius B demora para completar uma órbita ao redor da estrela Sirius A. Essa constatação (o tempo de 50 anos para completar a órbita), aliás, os astrónomos modernos só descobriram muito tempo depois.
Esta prática é mantida por milênios em honra aos Nommos, considerados como deuses para os dogons. Os Nommos são venerados como mestres das águas.
Estudados por astrónomos
Diante de tanta sabedoria acumulada, os dogon tornaram-se objectos de estudo e admiração de diversos pesquisadores. Um deles é o conceituado cientista e astronómo Carl Sagan, que abordou o conhecimento desse povo africano em seu livro " O romance da ciência", lançado em 1976.
Na página 84 ele diz o seguinte: "Uma aparente exceção, não há histórias suficientemente detalhadas para merecer maiores explicações, ou suficientemente precisas que apresentam dados da física e da astronomia moderna a um povo pré-científico ou pré-tecnológico. A única exceção é a notável mitologia acerca da estrela Sirius, professada pelo povo Dogon na República do Mali, em África."
Tal como Sagan, muitos estudiosos admiraram - e admiram - até hoje o conhecimento astronómico dos dogons. Um povo que leva-nos à reflexão sobre os mistérios do mundo e deixa-nos orgulhosos da sabedoria ancestral africana.
Muita coisa ainda existe para ser estudada e debatida a respeito deles. Fixemos o nome em nossas mentes e corramos atrás de mais informações e histórias sobre esses grandes mestres da astrologia e da astronomia.