Conversas com Mell

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Celebrando a beleza em todas as fases: um olhar sobre a pressão estética ao longo da vida

A importância de celebrar a beleza em todas as fases
A importância de celebrar a beleza em todas as fases Imagens: Unsplash

Mell Chaves

Publicado às 15h29 19/10/2023

Oi, mulheres maravilhosas!

No “Conversas com Mell” número 2, falamos sobre a pressão estética nas mulheres e resolvi abordar aqui convosco também. Convidei até a Dra. Magnólia Francisco para escrever também, portanto terão em breve uma visão enquanto profissional da área sobre o tema.

Hoje, vamos explorar juntas este tema tão relevante e, por vezes, desafiador: a pressão estética que as mulheres enfrentam em diferentes etapas da vida. Desde a infância até a terceira idade, somos envolvidas por padrões muitas vezes inatingíveis.

Vamos aqui analisar cada fase e descobrir práticas para nos libertarmos dessas expectativas irrealistas, e sim promover a compreensão e o empoderamento nas mulheres. Esta é a minha forma de analisar o tema, mas deixem também nos comentários os vossos contributos.

Infância: semeando a confiança desde o início

Na infância, as meninas são como flores em plena primavera, desabrochando com inocência e alegria. Contudo, mesmo nessa fase tão tenra, a sociedade já começa a sussurrar padrões de beleza. Roupas, penteados, até mesmo brinquedos são frequentemente associados a uma estética específica. É crucial lembrar às nossas pequenas que a verdadeira beleza reside na autenticidade e na diversidade.

Ensiná-las a trabalhar o amor próprio, a olhar para si mesmas com respeito pela sua história e raízes, a não fazerem comparações com ninguém. Relembro que os filhos replicam os nossos comportamentos, falas e ações, e isso terá um grande impacto na formação do seu carácter e comportamento. Celebrar as diferenças é o primeiro passo para cultivar uma auto-estima forte.

Adolescência: florescendo com confiança

A adolescência é uma época de mudanças intensas, tanto físicas quanto emocionais. A pressão estética atinge seu auge, especialmente nas redes sociais, que são um mundo onde as vidas, corpos e experiências partilhadas parecem sempre ser perfeitas, onde os filtros e ferramentas de photoshop tantas vezes assumem o papel principal. É crucial lembrar às jovens que a beleza é diversa e não pode ser medida por padrões estreitos. Considero de extrema importância a forma como nós mesmas, enquanto mães, nos dirigimos às nossas filhas ou falamos sobre outras mulheres. Ensinarmos e encorajá-las a amarem-se como são é um presente inestimável.

Fase adulta: celebrando a maternidade e a autenticidade

A fase adulta traz consigo uma jornada única, especialmente para as novas mamães. O pós-parto muitas vezes é um momento em que as mulheres enfrentam pressões para "recuperar o corpo". Um corpo que durante nove meses sofre imensas alterações, externas e internas, órgãos que se afastam no seu tempo.

Este é um tema que me toca particularmente pois fui mãe recentemente e vivi na pele os comentários desnecessários, onde me valeram o autoconhecimento, a segurança e uma excelente rede de apoio. Cada corpo, parto e experiência vivida é diferente, até em uma mesma mulher em partos diferentes. Cada marca, cada curva, conta a história de uma jornada de vida. Aceitar essas mudanças é uma demonstração de força e amor próprio.


3ª idade: a beleza da sabedoria

Converso com tantas mulheres mais velhas do que eu, e tantas lições tenho aprendido sobre o amor próprio, sobre a beleza de ser autêntica. A chegada à terceira idade é um privilégio que merece celebração. A consciência sobre as formas, as particularidades que a idade nos traz, não nos diminuiu enquanto mulheres, mas sim enriquece através da sabedoria e da experiência adquirida, pois a vida com o passar dos anos dá-nos grandes lições e uma clareza sobre o que realmente importa.

Infelizmente, a sociedade muitas vezes subestima a beleza das mulheres mais velhas. Cada ruga é um testemunho de sabedoria e experiência. A maturidade traz consigo uma beleza serena e uma confiança inabalável.

Vida real: a minha experiência

Agora falo na primeira pessoa. Vocês que me acompanham já conhecem parte da minha história, mas para quem está aqui pela primeira vez irei deixar o meu testemunho. Aos 42 anos, fui mãe pela segunda vez, tendo os meus filhos diferença de 14 anos entre eles. Com quatro meses pós-parto, fui apresentar um evento e depois de postar as fotos nas redes sociais, recebi algumas mensagens e comentários sobre não ter usado uma cinta para apertar a barriga. E com toda a educação que me é característica expliquei que não uso, pois detesto sentir-me apertada e estava a respeitar o meu corpo, para que “fosse ao lugar” por si.

Enquanto havia comentários a elogiar, foram imensas as mulheres que se sentiram representadas e agradeceram por sempre partilhar a realidade. No entanto, após aparecerem alguns comentários negativos sobre a saliência da minha barriga pós-parto, vi a insegurança em várias mulheres que apenas desejavam poder ter a mesma fibra que a minha, ao desvalorizar as críticas e abraçar a fase vivida sem pressão.

Nesta fase, e apesar de ser alguém bem resolvido e consciente sobre as alterações que o nosso corpo passa, foi fundamental a minha rede de apoio. A minha tia que ficou perto e o meu marido, que pela educação recebida sempre me elevou como mulher e celebrou todas as fases do meu corpo por tudo que fomos passando na gravidez e parto.

Esteve presente em todas as consultas, assistiu ao parto, cortou o cordão umbilical, tratou do umbigo do filho, fez o curativo da minha cesariana e olhou para mim com respeito e admiração. Eu tenho consciência que a medicina estética pode atenuar essas mudanças, e não julgo quem faz intervenções estéticas, mas considero ser importante ter a consciência de não nos medirmos ou medirmos as outras mulheres pela mesma régua e saber respeitar o momento que cada uma escolhe viver.

Queridas leitoras, em cada fase da vida, a pressão estética pode tentar nos moldar. No entanto, é importante lembrar que a verdadeira beleza transcende padrões instantâneos. Ela reside na autenticidade, na aceitação e no amor próprio. Vamos celebrar as nossas jornadas e apoiarmo-nos umas às outras. Cada uma de nós é única e bela à sua maneira. Vamos continuar a desafiar os estereótipos e redefinir a noção de beleza nos nossos próprios termos.

Com amor e respeito por todas as formas e fazendo o exercício diário de me respeitar e não ceder às pressões, deixo-vos um beijo e abraço!


Mell

 

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