Mensagem

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Blog de José Luís Mendonça

José Luís Mendonça é jornalista, escritor e docente universitário. Fundou e dirigiu durante sete anos o jornal CULTURA, quinzenário angolano de Artes & Letras. Actualmente reparte a sua vida pública entre o jornalismo, o ensino e o activismo cultural pelo fomento do livro e da leitura. MENSAGEM é uma homenagem ao primeiro movimento cultural surgido em Angola nos últimos 50 anos, o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, cujo lema "Vamos Descobrir Angola!" operaria uma revolução decisiva na sociedade colonial dos fins da década de 40. Mensagem é o nome da revista desse movimento onde estiveram concentrados os expoentes máximos da intelectualidade daquela época, que jogou um papel decisivo perante a História de Angola. Ester blog recupera do passado esse legado e essa designação da Mensagem, na crença de que, ao descobrir Angola, também se vai reencontrando a África e descobrindo o Mundo e o Universo.

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José Luís Mendonça é jornalista, escritor e docente universitário. Fundou e dirigiu durante sete anos o jornal CULTURA, quinzenário angolano de Artes & Letras. Actualmente reparte a sua vida pública entre o jornalismo, o ensino e o activismo cultural pelo fomento do livro e da leitura. MENSAGEM é uma homenagem ao primeiro movimento cultural surgido em Angola nos últimos 50 anos, o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, cujo lema "Vamos Descobrir Angola!" operaria uma revolução decisiva na sociedade colonial dos fins da década de 40. Mensagem é o nome da revista desse movimento onde estiveram concentrados os expoentes máximos da intelectualidade daquela época, que jogou um papel decisivo perante a História de Angola. Ester blog recupera do passado esse legado e essa designação da Mensagem, na crença de que, ao descobrir Angola, também se vai reencontrando a África e descobrindo o Mundo e o Universo.


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SERENATA AO MUSSEQUE

Kinna dos Santos
Kinna dos Santos Imagens: Cedida

José Luís Mendonça

Publicado às 12h27 20/02/2025

Mensagem inicia a publicação de poesia angolana, promovendo novos autores e relembrando o canto áureo de autores já consagrados.

A abrir, apresentamos o poema Serenata ao Musseque, de Muanawassa (pseudónimo literário da jornalista Kina dos Santos).

Um poema que nos faz olhar para uma zona de Luanda há muito versejada por grandes poetas, como Agostinho Neto, ou narrada nos contos de Luandino Vieira.

Poema de Muanawassa

SERENATA AO MUSSEQUE

No musseque,
Entre as casas de latas e o chão arenoso, há poesia da natureza no dia a dia.
Há orvalho no amanhecer
Há orgulho no entardecer

No musseque há ginga nos corpos e na vida
Há uma Minga com muitos monas e fome na barriga.
Há vontade
Há saudade
Há maldade

No musseque suamos
Dançamos
Matamos
E vivemos.

Musseque tem história
Não há glória
Mas cantamos as vitórias
Do dia sobre o dia.

No musseque é assim
Verdades sem fim
Na mentira do nosso existir
Já sem o frenesim dos poetas da minha história.

Oh musseque!
Tua gente é gente
Teme, luta, vence, reluta, perde e se deixa perder no trago da fumaça secreta.
Meu musseque,
Dos altos e baixos
das andanças estão os calos das lembranças

Meu musseque
Sorriso no improviso
Da vida
Só musseque, sem farinha
Da mandioca raivosa
Saída do chão vermelho sangrado.

Musseque
Maboque duro e adocicado
Dos maboques pendurados nos peitos das kilumbas novas que tremem a cada passo firme.

Musseque
Preto de pretos de todos os tons e com todos os sons

Musseque
Da corrida e da partida da lida da Guida que grita no grito do tambor do peito dela.
É o pregão da sobrevivência com muxoxo
Pro Gastão que lhe açoitou as costas.

Só no musseque
Vivi e resisti
Curti e faleci
Para as falácias do mundo
Sakidila musseque.

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