A sociedade comercial e a comunidade

A responsabilidade social das empresas sempre foi assunto de grandes e calorosos debates. Ainda nas últimas décadas do século passado, muitas teorias levantaram-se em torno deste tema, entre empresários, doutrinadores, juristas e políticos.

As sociedades comerciais por natureza, e de modo mais pragmático, têm por fim os lucros. Os titulares das acções ou quotas querem no fim de cada ano comercial os seus dividendos e acumular cada vez mais riquezas.

A terminologia desta responsabilidade requerida – as sociedades comerciais – sofreu algumas mudanças ao longo dos anos, tais como: “negócios e a comunidade”, “política pública e negócios”, “questões sociais e gestão", "caridade” e “sustentabilidade social”.

Segundo a publicação de Howard R. Bowen, The Social Responsibilities of the Businessman, editada em 1953, a responsabilidade social de uma empresa reflecte em termos morais a forma como ela se comporta em relação à sociedade; entende-se como um comportamento ético perante os interessados, em reconhecimento ao carácter legal e regulamentar as acções que pratica. O autor questiona ainda a razoabilidade dessas responsabilidades sociais (o que pode ser assumido?).

Para alguns estudiosos, transmite-se a ideia de responsabilidade legal, mas há quem defenda ser apenas um comportamento socialmente responsável num sentido ético, ou ainda, é um modo casual de ser “responsável por” ao considerar como actos de caridade.

Talvez, na ordem de ideias, faça mais sentido o pensamento de Carroll, ao caracterizar como um campo eclético com limites flexíveis e de múltiplas associações.

Seja qual for a corrente de pensamento impulsionadora, o benefício à comunidade é de facto um activo intangível de grande valor que pode ser traduzido em capital aliado ao crescimento sustentável de uma sociedade comercial que tem por objectivo uma permanência mais duradoura em determinado meio.

O ideal é sempre que todos cresçam juntos. As sociedades comerciais podem ser parceiras do desenvolvimento social e económico directos em alinhamento com o poder administrativo público local.