Sustentabilidade

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Reflexões sobre desenvolvimento económico, social e ambiental

Adilson Garcia é apresentador da TV Girassol, mestre em Gestão e Empreendedorismo, MBA em Finanças e Negócios, especialista em ciências jurídico-empresariais e advogado. É autor do livro "A influência do empreendedorismo no crédito malparado".

Reflexões sobre desenvolvimento económico, social e ambiental

Adilson Garcia é apresentador da TV Girassol, mestre em Gestão e Empreendedorismo, MBA em Finanças e Negócios, especialista em ciências jurídico-empresariais e advogado. É autor do livro "A influência do empreendedorismo no crédito malparado".


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Sustentabilidade económica na era de Trump: O regresso ao plástico e o impacto ambiental

Donald Trump
Donald Trump Imagens: DR

Adilson Garcia

Publicado às 11h35 15/04/2025

SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA NA ERA DE DONALD TRUMP: O REGRESSO AO PLÁSTICO E O IMPACTO AMBIENTAL

Por: Adilson Garcia

Nos Estados Unidos da América, o regresso de Donald Trump ao cenário político reacendeu debates intensos sobre as políticas ambientais e o modelo de sustentabilidade económica, que deve guiar a maior economia do mundo.

Um dos temas mais polémicos é a nova postura da sua administração, quanto ao uso de plásticos descartáveis, em particular a revogação de restrições ao uso de palhinhas de plástico, símbolo de uma batalha global contra a poluição dos oceanos.

O retorno das palhinhas de plástico

Durante o seu anterior mandato, Trump já se posicionava contra as medidas que limitavam o uso de plásticos descartáveis, promovia uma visão crítica sobre regulações ambientais que, segundo ele, atrapalham a liberdade económica e prejudicam as pequenas empresas.

Agora, com o fortalecimento da sua base política, Trump retoma essa bandeira, autoriza novamente a fabricação e distribuição de palhinhas de plástico em larga escala, inclusive em instalações federais e cadeias alimentares.

A nova política é justificada pela sua administração como uma medida pró-negócios, que visa proteger a indústria petroquímica americana e reduzir custos de produção para empresas de pequeno e médio porte.

Trump argumenta que alternativas biodegradáveis são mais caras, menos eficazes e, em alguns casos, prejudiciais ao consumidor.

A sustentabilidade económica em xeque

Essa abordagem revela uma visão peculiar de sustentabilidade económica: uma ênfase quase exclusiva na competitividade industrial e no crescimento de curto prazo, com menor preocupação sobre os efeitos ecológicos de longo prazo.

A administração Trump defende que um ambiente de negócios desregulamentado estimula a inovação e a geração de empregos, ainda que isso signifique o retorno a práticas que muitos consideram obsoletas e ecologicamente insustentáveis.

No entanto, especialistas em economia ambiental alertam que a sustentabilidade económica não pode ser dissociada da sustentabilidade ecológica.

O custo da poluição por plásticos, desde o impacto na biodiversidade marinha, até os danos nos sistemas de saneamento e saúde pública, pode representar prejuízos bilionários para os cofres públicos e a economia global.

Impacto ambiental e reacção internacional

O regresso às palhinhas de plástico ocorre em um momento de crescente consciencialização internacional sobre a urgência da crise climática.

Países europeus, africanos e asiáticos têm avançado na proibição total de plásticos de uso único, com a promoção de políticas económicas circulares e inovação sustentável.

A reversão de políticas ambientais nos EUA pode não apenas comprometer os esforços globais, mas também isolar o país em negociações internacionais sobre clima e meio ambiente.

Organizações ambientais, activistas e até grandes corporações que já haviam aderido voluntariamente ao banimento do plástico veem a medida como um retrocesso. Para eles, o desafio da sustentabilidade económica está em equilibrar crescimento com responsabilidade ecológica, um equilíbrio que a nova política de Trump parece ignorar.

Oportunidade para Angola

Países em desenvolvimento como Angola têm a oportunidade de se posicionar como referências emergentes em sustentabilidade. O país, rico em biodiversidade e recursos naturais, pode ganhar vantagem competitiva, ao investir em modelos de produção mais limpos, promover a reciclagem, incentivar a agricultura ecológica e apoiar o empreendedorismo verde.

Além disso, Angola pode atrair investimentos internacionais e fortalecer as suas exportações ao adoptar padrões sustentáveis exigidos por mercados europeus e asiáticos. Sectores como turismo ecológico, energias renováveis e agro-indústria consciente podem beneficiar enormemente de uma política ambiental robusta e coerente.

Há também espaço para inovação local: desenvolver alternativas ao plástico, a partir de matérias-primas nacionais, como o capim, a fibra de bananeira, o bambu ou o sisal, pode gerar empregos, valorizar o saber tradicional e abrir portas para exportações de produtos ecológicos.

Em um mundo cada vez mais atento à responsabilidade ambiental, Angola não precisa repetir os erros das grandes potências. Pode, pelo contrário, assumir a dianteira de uma nova economia: mais justa, mais verde e mais preparada para o futuro.

O retorno de Donald Trump à cena política com uma agenda pró-plástico reacende o debate sobre o verdadeiro significado de sustentabilidade económica.

Enquanto a administração valoriza a liberdade de mercado e o corte de custos imediatos, críticos apontam os riscos de um modelo que negligencia o planeta.

Em tempos de emergência climática, a escolha entre palhinhas de plástico e um futuro sustentável pode parecer pequena, mas representa uma encruzilhada simbólica no caminho das grandes decisões globais.

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