Luanda - No dia 4 de Setembro deste ano, quando o cidadão aficcionado pelas artes plásticas subir ao primeiro andar do edifício Sky One, no Kinaxixi, em Luanda, não estará somente a entrar para ver uma exposição de pintura.

Ali, no salão de exposições Sky Gallery, Memória da Memória, do artista plástico angolano Mário Tendinha, recria um território vertical nascido da crepitação das tintas acesas pela chama da literatura angolana.

Seis estórias e nove poemas de escritores angolanos inspiraram a mão de Mário Tendinha a recriar o tempo da História de Angola, pintando a crónica colectiva dos angolanos, feita de coloridos episódios minimalistas.

Tendo como critério de selecção a plena liberdade de escola, um dos paradigmas supremos da Arte, Mário Tendinha revisita obras de Jofre Rocha, Arnaldo Santos, Luandino Vieira, Ana Paula Tavares, Mário Pinto de Andrade, Wanhenga Xitu, Boaventura Cardoso, Viriato da Cruz, António Jacinto, Ruy Duarte de Carvalho, Ernesto Lara Filho, António Cardoso, Óscar Ribas, Alda Lara e, por fim, o mais belo poema da Oratura Kuanyama, Haisikoti.

Com a Memória da Memória, Mário Tendinha consolida um casamento perfeito entre ficção verbal e ficcção plástica pectórica. O signo linguístico fala cores no espaço elementar da tela, criando uma quimera horizontal de lábios divinos, coagulando sangues, almas e caminhos insólitos da história de Angola, ou se quisermos, a premonição da chegada de O DIA DA HUMANIDADE, como Viriato da Cruz prefigurou no poema Mamã Negra.