Espólio de escritor angolano Óscar Ribas integra exposição
Luanda – O último espólio do escritor angolano Óscar Ribas, proveniente de Portugal e doado pela família, vai ser entregue, esta quarta-feira, no âmbito de uma exposição pelo seu 115.º aniversário, que vai estar patente na sua Casa-Museu, em Luanda.
“Queremos ter um museu mais activo e que possa dar a visibilidade merecida a este escritor que tanto fez por Angola”, disse à Lusa o director da Casa-Museu, Sidónio Domingos, agradecendo à família a doação, depois de vários anos de negociação.
Nascido a 17 agosto de 1909, filho de pai português, oriundo da Guarda, e de mãe angolana, natural de Luanda, Óscar Ribas começou a escrever muito cedo e publicou a sua primeira obra, “Nuvens que passam”, aos 18 anos.
Do espólio, que passará a integrar a Casa-Museu, constam originais das suas obras e alguns inéditos ainda por publicar, bem como correspondência trocada com escritores e outras personalidades da época.
Em 1948, o escritor lançou “Flor de Espinhos”, já depois de ter perdido a visão por complicações de saúde, aos 36 anos, e, em 1951, edita o que Sidónio Domingos apresenta como “primeiro romance folclórico angolano”, Uanga – Feitiço, que lhe mereceu, na altura, uma Menção Honrosa da Agência-Geral do Ultramar (Agência Geral das Colónias), entidade do Estado dedicada a comunicação e propaganda do império colonial português, incluindo concursos literários.
No total, Óscar Ribas publicou 17 obras, em que ilustra as suas preocupações com questões etnográficas, as vivências culturais e a preservação da identidade angolana, adiantou o responsável da Casa-Museu, salientando também o seu trabalho de recolha das tradições orais.
A Casa-Museu contava já com um vasto acervo, incluindo mobiliário e colecções numismáticas e filatélicas, doados em 1983, bem como o próprio edifício, que foi aberto ao público em 1996, inicialmente como biblioteca, e, em 2007, já como museu.
A exposição “A alma angolana revelada na escrita de Óscar Ribas”, integrada nas celebrações do 115.º aniversário do seu nascimento, é inaugurada na quarta-feira e prolonga-se até Novembro.
Óscar Ribas faleceu em Portugal, a 19 de Junho de 2004.