LITERATURA

Legado do escritor Óscar Ribas debatido em congresso em Portugal

Escritor Óscar Ribas - DR
Escritor Óscar RibasImagem: DR

09/09/2024 11h49

Luanda - Um congresso internacional sobre o legado do escritor e etnólogo angolano, Óscar Ribas, decorre esta segunda-feira e amanhã, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em Portugal, com participação de estudiosos angolanos, portugueses e brasileiros.

Denominado "But Now I See: Óscar Ribas e o seu legado”, o congresso é uma organização conjunta dos professores Francisco Topa e Francisco Soares, ambos do Centro de Investigação Transdisciplinar "Cultura, Espaço e Memória” (CITCEM) da Universidade do Porto, do ensaísta e poeta Abreu Paxe, afecto ao Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda, e Pedro da Costa Pereira, da Universidade Jean Piaget de Angola.

De acordo com o programa, na abertura houve as intervenções de Paula Pinto Costa, directora da FLUP, de Inês Amorim, coordenadora do CITCEM, e de Francisco Topa, em representação da comissão organizadora, enquanto os debates começaram com a comunicação de Elias J. Torres Feijó, da Univeridade Santiago de Compostela, de Espanha, que abordou "Temas da vida angolana e suas incidências, o legado disperso de Óscar Ribas, narrativa e comunidade”.

Esta segunda-feira, seguem-se as intervenções de Pires Laranjeira, Tatiana Aço, Tânia Macedo e Gabriel Baguet Jr., com o tema "Óscar Ribas: o pensamento e as palavras”, seguindo-se as especialistas Susana Pimenta, Ana Ribeiro e Carmen Lúcia Tindó Secco, prevendo-se, igualmente, as intervenções de Andrea Marzano, Bendinho Freitas e Eugénia Kosi.

Para terça-feira, estão programadas as intervenções das especialistas Ada Milani e Maria do Carmo Mendes, assim como dos angolanos afectos ao ISCED de Luanda, Manuel Muanza e Abreu Paxe.

O programa inclui ainda debates com Pedro Costa, Karina Helena Ramos e José Amálio Pinheiro, além de  João Ngola Trindade, Washington Santos Nascimento e Francisco Topa.

O Professor Salvato Trigo vai encerrar os debates com a comunicação "Óscar Ribas: a etnografia de uma escrita preliminar à literatura angolana”, seguindo-se a intervenção de Francisco Soares.

Escritor, jornalista e ensaísta angolano, Óscar Ribas nasceu a 17 de Agosto de 1909, na cidade de Luanda, e faleceu, a 19 de Junho de 2004, em Cascais.

Considerado um dos fundadores da ficção literária em Angola, o etnólogo deixou um valioso legado literário, tendo recuperado muitos temas da tradição oral, religião tradicional e filosofia dos povos de Luanda.

Membro da União de Escritores Angolanos, Óscar Ribas foi galardoado com diversos prémios, com destaque para os Margaret Wrong (1952), o de Etnografia do Instituto de Angola (1959) e Monsenhor Alves da Cunha (1964).

Além disso, foi homenageado com os títulos de Membro Titular da Sociedade Brasileira de Folclore (1954), Oficial da Ordem do Infante, título concedido pelo Governo português (1962), e um Diploma de Mérito atribuído pela Secretaria de Estado da Cultura (1989).

Óscar Ribas foi agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2000, na categoria de Literatura e Investigação em Ciências Sociais e Humanas, pelo Ministério angolano da Cultura.

O poeta Bendinho Freitas, que disserta o tema "A fronteira descontínua entre o literário e o etnológico, em Uanga de Óscar Ribas”, reconhece que o congresso é mais um passo na internacionalização da literatura angolana.

Por seu lado, Bendinho Freitas sublinha que actualmente se vive num mundo cada vez mais aberto, sendo vital a internacionalização dos saberes e da literatura angolana, que sirva de veículo para a compreensão do pensamento e aspirações do seu povo, assim como constitui uma forma de "fazer ouvir a nossa voz” nos diálogos da multiculturalidade universal.

"A internacionalização dos saberes e da literatura angolana não se deve circunscrever ao mercado do livro, com a participação de editoras de vários países a agregar os nossos escritores e pensadores, mas deve incluir as academias. Neste capítulo, faz-se necessário o intercâmbio entre as nossas instituições de ensino universitário com as suas congéneres internacionais”, defendeu, em declarações ao JA.

O orador João Ngola Trindade, que vai abordar o tema "O simbolismo da noite na obra de Óscar Ribas”, explicou que a internacionalização da literatura angolana decorre da sua recepção em diversos espaços linguísticos, implicando a sua tradução, apontando como exemplo a edição em língua inglesa dos "Contos Populares de Angola”, de H. Chatelain, que constitui o primeiro ou um dos primeiros momentos da internacionalização de autores angolanos.

Mais lidas


Últimas notícias