Pepetela lamenta desvalorização das línguas nacionais angolanas
Lisboa - O escritor angolano, Artur Pestana “Pepetela”, lamentou, em Lisboa, a desvalorização das línguas nacionais, que têm cada vez menos falantes.
Ao reflectir sobre a questão da necessidade de políticas de promoção das línguas nacionais, durante a sua intervenção na rubrica literária “Autor do Mês”, promovida pela Livraria Lello, em Lisboa (Portugal), Pepetela adiantou que “estamos a perder as nossas línguas. A maioria das crianças angolanas só brinca, lê e fala em português”.
Figura incontornável da literatura lusófona da actualidade, Pepetela foi o autor escolhido do mês de Novembro, pela emblemática livraria portuguesa.
Com moderação do jornalista português, Sérgio Almeida, a conversa com o autor angolano aconteceu, na última sexta-feira, e contou com a presença de vários amantes da literatura de Pepetela, que tem nas transformações da sociedade angolana a sua maior fonte de inspiração, principalmente no gênero romance.
Em mais de uma hora de conversa, leitores e admiradores da obra do escritor angolano tiveram a oportunidade de ouvir e conhecer mais sobre a história e a contribuição de Pepetela para a literatura e cultura de língua portuguesa.
Um dos maiores escritores da língua portuguesa, Pepetela disse que escreve porque a escrita o ajuda a pensar melhor aquilo que vê, tendo argumentando que nunca quis ser professor, mas acabou por ser na maior parte da sua vida, tendo leccionado no ensino universitário.
O autor explicou que há mais de dez anos que já não dá aulas, uma profissão que escolheu por acreditar que lhe permitiria continuar a escrever.
“Ser escritor profissional tem as suas vantagens e desvantagens, como a falta do convívio com a classe de jovens com os quais cruzava quando dava aulas na faculdade. Comecei a escrever histórias com os 8 ou 9 anos de idade, ainda nas redacções escolares", recordou.
Os professores entenderam me apoiar, ao invés de me castigarem”, lembra.
Pepetela revelou que, ao longo de décadas de carreira, continua a escrever por prazer, sem permitir que isso seja um esforço, razão pela qual disse não “se sentir pressionado”, em atender aos pedidos de admiradores e editoras sobre novas sequelas das obras já publicadas.
Questionado sobre o espaço dominante que a música assume no panorama cultural em relação à literatura, Pepetela reconheceu que este cenário é antigo, e salientou que a música sempre foi a expressão principal de manifestação, sublinhado que mesmo quando a escrita se desenvolve, a música já era um meio de grande relevância no país, nos séculos passados.