Cultura

Cultura


PUBLICIDADE

Documentário sobre vida e obra de Elias dya Kimuezu estreia no Lubango

Músico angolano Elias dya Kimuezu
Músico angolano Elias dya Kimuezu Imagens: DR

Redacção

Publicado às 12h00 17/01/2025 - Actualizado às 13h51 17/01/2025

Luanda - Um documentário que retrata a dimensão patrimonial do rei da música angolana, Elias dya Kimuezu, pelo contributo à cultura nacional, estreia, esta sexta-feira, na Mediateca do Lubango, província da Huíla, apurou o JA Online.

O filme, no género documentário, de aproximadamente 28 minutos, de acordo com o enredo, além de abordar a carreira do músico Elias dya Kimuezu, narra o contributo dos artistas angolanos para afirmação da identidade cultural, antes e depois da proclamação da independência nacional.

Conta com depoimentos do músico Tonito, da coreógrafa, Ana Clara Guerra Marques, e do antropólogo, Filipe Vidal, cujas abordagens transcorrem sobre a música de intervenção política, música de raiz angolana, as danças patrimonial (tradicional) e contemporânea, as línguas nacionais e as artes plásticas.

Após a exibição do filme, segue-se um debate com o mentor do projecto, sob moderação da cantora Zelma Best Rapper, sobre “A preservação da cultura angolana na era digital - a exemplo a vida e obra do rei da música angolana” e “O impacto social e dimensão da vida e obra de Elias dya Kimuezu na construção da identidade cultural angolana”.

“O desafio de retratar figuras históricas por obras audiovisuais e como as tecnologias podem ser usadas para preservar e promover a cultura nacional, “Semba – género musical nacional ou regional?” e “Reflexões sobre o Dia da Cultura Nacional, e suas implicações no seio da juventude”, são outros temas que fazem parte do debate.

Vários músicos da cidade do Lubango, província da Huíla, elogiaram a iniciativa de se prestar uma singela homenagem ao rei da música angolana, Elias dya Kimuezu.

Ricardo Alfredo Chambé, conhecido artisticamente como “Gingongo Beka”, ressaltou a importância do documentário, afirmando que vai permitir aos jovens reviver o impacto da música urbana feita por Elias dya Kimuezu na construção da identidade cultural de Angola.

Na sua opinião, o rei Elias dispensa apresentações quando se fala de música angolana, pelos seus feitos em prol da cultura a que dedicou 75 dos seus 89 anos.

O músico huilano, que acumula 36 anos de experiência artística, elogiou o facto de Elias dya Kimuezu ter-se mantido fiel à língua nacional Kimbundo durante toda a carreira, o que demonstra uma identidade cultural muito forte. 

Esse documentário, frisou, vai permitir conhecer a essência do Semba e outros estilos musicais, bem como o papel da música na educação, recriação, transmissão e preservação dos hábitos, usos e costumes de um povo.

Para o músico José Eduardo Bandeira, um dos integrantes da banda “Twin Bay”, da cidade do Lubango, que interpreta o estilo Semba, Zouk, Country, Blues e o Tango, o rei Elias dya Kimuzu merece homenagens como esta, porque o momento serve, também, como transmissão de suas experiências para as novas gerações. “Para nós é uma honra acolher um evento como este na cidade.

O rei Elias é um exemplo a seguir para todos os músicos angolanos. “Assim se faz cultura e sem ela o indivíduo não tem identidade. Para todos os apreciadores da música angolana, o legado do homenageado constitui um padrão a seguir”, aconselhou.

A directora da Mediateca do Lubango, Winia Agostinho, considerou uma honra organizar a homenagem ao rei da música angolana, enquadrado nas festividades dos 50 anos da Independência Nacional, a ser assinalado a 11 de Novembro deste ano e do Dia da Cultura Nacional, comemorado em 8 de Janeiro.

“O rei Elias completou 89 anos no dia 2 de Janeiro, devemos trabalhar em prol da preservação das memórias e da nossa cultura. Ele merece todo o reconhecimento enquanto está em vida. A juventude da região Sul precisa aprender mais sobre essa biblioteca viva e da essência do Semba”, disse.

Por sua vez, o realizador Francisco Keth realçou que o facto de Elias dya Kimuzu ser uma figura histórica da música, foi motivo para produzir a obra em prol da divulgação e preservação da cultura nacional.

"Elias dya Kimuezu é um nacionalista que através da música contribuiu para a afirmação da identidade cultural angolana, denunciando situações maus tratos dos angolanos, expressando esses sentimentos apenas em Kimbundo.

“Apesar de estarmos na região de Ovimbundo, dos que falam Umbundo, é importante ter curiosidade pela cultura Ambundo, daqueles que falam Kimbundo e vice-versa, assim como em relação aos traços da cultura Bakongo no Norte e Tchokwé no Leste. Não devemos ficar presos no que já é nossa origem”, afirmou.

PUBLICIDADE