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Filme "Ainda estou aqui" conquista primeiro Óscar para o Brasil

 Realizador brasileiro Walter Salles no Festival de Cinema de Roma
Realizador brasileiro Walter Salles no Festival de Cinema de Roma Imagens: AFP

Redacção

Publicado às 09h55 03/03/2025 - Actualizado às 10h12 03/03/2025

Los Angeles - O filme “Ainda estou aqui” ganhou o primeiro Óscar para o Brasil, ao conseguir o prémio de melhor filme internacional, este domingo, em Los Angeles, Estados Unidos da América.

Com a realização de Walter Salles, a obra concorreu com "A menina da agulha" (Dinamarca), "Emilia Pérez" (França), "A semente do fruto sagrado" (Alemanha) e "Flow" (Letónia).

Ao receber a estatueta mais famosa do cinema mundial, durante a cerimónia da nonagésima sétima gala dos Óscares, Walter Salles destacou a origem do filme, a esposa de Rubens Paiva, que desapareceu durante a ditadura brasileira.

"Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isto vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande no regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir... Esse prémio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva", disse o realizador, citado pela VOA.

Adiantou que o prémio ia "também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro".

O filme conta a história real de Eunice Paiva (papel de Fernanda Torres), advogada e activista que passou 40 anos à procura da verdade sobre o desaparecimento do seu marido, Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello), um antigo deputado federal assassinado durante a ditadura militar.

Há pouco mais de um mês, a personagem principal Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro como melhor actriz.

Na noite da gala da 97ª premiação dos Óscares, Fernanda Torres concorreu também na categoria de melhor actriz e a obra na de melhor filme, mas ambos perderam para a actriz Mikey Madison e o filme "Anora", o grande vencedor da noite, com cinco premiações.

"Anora" se consagra como melhor filme e é destaque do Óscar 

"Anora", uma tragicomédia sobre uma stripper de Nova York, que vive um romance tórrido com um jovem herdeiro russo, foi o destaque da cerimônia dos Óscares, ao vencer o prêmio de melhor filme.

Numa noite de momentos emocionantes, "Anora", dirigido por Sean Baker, venceu em mais quatro categorias: melhor director, roteiro original, edição e actriz.

Sean Baker mencionou, nos seus discursos, as salas de cinema, que perderam público nos últimos anos, em parte devido à pandemia e à chegada do streaming, e defendeu a manutenção da produção para as grandes telas.

"Estamos todos aqui nesta noite e assistindo a esta transmissão porque amamos os filmes", disse o cineasta. "Onde nos apaixonamos pelos filmes? Nos cinemas", enfatizou.

Agradeceu as trabalhadoras da indústria do sexo, protagonistas frequentes das suas produções, reconhecendo que "elas compartilharam suas histórias, suas experiências de vida comigo durante anos. Meu mais profundo respeito. Obrigado!".

Outro favorito da noite, o filme "Conclave", um drama que retrata as intrigas no Vaticano, durante a eleição de um novo pontífice, levou apenas a estatueta de melhor roteiro adaptado, para o britânico Peter Straughan.

O filme brasileiro "Ainda Estou Aqui" venceu a disputa de melhor filme internacional com o musical "Emilia Pérez", indicado em 13 categorias, mas que levou apenas duas estatuetas, após ser envolvido em polêmicas e críticas.

"Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir", disse o realizador brasileiro Walter Salles, ao receber a estatueta. "Também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro."

Fernanda Torres concorria ao prêmio de melhor actriz, que foi para Mikey Madison, que derrotou a favorita na categoria, Demi Moore.

Não houve surpresas nos demais prêmios de actuação. Zoe Saldana levou o de melhor actriz coadjuvante, por "Emilia Pérez". "Minha avó veio para este país, em 1961. Sou uma filha orgulhosa de pais imigrantes, com sonhos e dignidade e mãos trabalhadoras", disse em seu discurso.

"Sou a primeira americana de origem dominicana a receber um prêmio da Academia, e sei que não serei a última", sublinhou.

O grande favorito da temporada, Kieran Culkin, ficou com o prêmio de melhor actor coadjuvante, por "A Verdadeira Dor", escrito e dirigido pelo seu colega de elenco, Jesse Eisenberg.

Eis a lista dos vencedores das principais categorias da 97ª edição do Óscar, em que o filme "Anora" ficou com cinco estatuetas:

Melhor filme: "Anora"

Melhor director: Sean Baker, "Anora"

Melhor actor: Adrien Brody, "O Brutalista"

Melhor actriz: Mikey Madison, "Anora"

Melhor actor coadjuvante: Kieran Culkin, "A Verdadeira Dor"

Melhor actriz coadjuvante: Zoe Saldana, "Emilia Perez"

Melhor roteiro original: Sean Baker, "Anora"

Melhor roteiro adaptado: Peter Straughan, "Conclave"

Melhor filme internacional: "Ainda Estou Aqui" (Brasil)

Melhor filme de animação: "Flow"

Melhor documentário: "No Other Land"

Melhor edição: Sean Baker, "Anora"

Melhor figurino: Paul Tazewell, "Wicked"

Melhor maquilhagem e cabelo: "A Substância"

Melhor canção original: Clement Ducol, Camille e Jacques Audiard, "El Mal", de "Emilia Perez"

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