Kirsty Coventry, do Zimbabwe, primeira mulher a presidir COI


Grécia - Kirsty Coventry, aos 41 anos, fez história, esta quinta-feira, ao ser eleita a primeira mulher a presidir o Comité Olímpico Internacional (COI), nos 130 anos de existência da organização.
Primeira cidadã africana a ocupar o cargo e a mais jovem, desde o barão Pierre de Coubertin, que tinha apenas 33 anos quando se tornou presidente do COI, Kirsty Coventry foi eleita, entre sete candidatos, na reunião do Comité Olímpico Internacional realizada, a partir de terça-feira, na Grécia.
A cidadã zimbabueana substitui no cargo o alemão Thomas Bach, que exerce a presidência do COI, com sede em Lausanne (Suíça), desde 2013, depois de reeleito em 2021.
Kirsty Coventry, sete vezes medalhista olímpica em natação, duas das quais de ouro, assume as suas funções a 23 de Junho próximo, depois de vencer a disputa, em votação secreta, ocorrida no complexo costeiro grego de Costa Navarino, em que concorreram sete candidatos, entre os quais o espanhol Juan Antonio Samaranch Jr., o britânico Sebastian Coe e o francês David Lappartient.
Os outros candidatos foram o japonês Morinari Watanabe, actual presidente da Federação Internacional de Ginástica, o príncipe jordaniano Feisal Al Hussein e o britânico-sueco Johan Eliasch.
A nova presidente do COI vai enfrentar um cenário geopolítico em erupção, que passa do relacionamento da organização com os Estados Unidos da América, à eventual reintegração da Rússia ao movimento olímpico, prognostica a agência AFP.
"O COI não enfrentava um contexto político tão problemático há muitos anos", disse Michael Payne, ex-chefe de marketing da organização.
Assim como fez, em 2013, com Thomas Bach, o Presidente russo, Vladimir Putin, foi rápido em felicitar Kirsty Coventry, logo após a sua eleição, destacando o seu interesse na promoção verdadeira dos nobres ideais olímpicos.
O Presidente da Rússia tem pressionado para que o seu país, excluído após a invasão da Ucrânia numa decisão que considera de "discriminatória" sob influência ocidental, seja reintegrado ao movimento olímpico.
A menos de um ano para os Jogos Olímpicos de Milão-Cortina, uma das primeiras questões que a nova Presidente do COI terá que considerar é a participação de atletas russos e bielorrussos no evento, e em que condições.
Actor fundamental no movimento olímpico, os Estados Unidos não são apenas os anfitriões dos Jogos de Verão de Los Angeles 2028 e de Inverno de Salt Lake City 2034, mas também contribuem com mais de dois terços do orçamento do COI, através dos direitos de televisão pagos pela NBC Universal e, com o seu sistema universitário, que treina campeões olímpicos de todas as nacionalidades.
A própria Kirsty Coventry, ex-nadadora, treinou em Auburn, Alabama, antes de ganhar as sete medalhas olímpicas, incluindo duas de ouro.
"Não vamos renunciar a nossos valores: nossos valores de solidariedade, assim como garantir que todo atleta classificado para os Jogos Olímpicos possa participar e em segurança", declarou Coventry na quinta-feira, afirmando que "a chave será a comunicação" com o Presidente norte-americano, Donald Trump.
A eleição da ministra dos Desportos do Zimbabwe, desde 2018, que também coordena os Jogos da Juventude de Dakar 2026 para o COI, levanta a questão inevitável de a África ser o único continente que nunca sediou jogos olímpicos.
Pioneira, em 2010, ao sedear a primeira (e única até hoje) Copa do Mundo, a África do Sul aspira sedear a edição de 2036 dos Jogos Olímpicos, à semelhança de outros países como a Índia, Turquia, Hungria, Catar e Arábia Saudita.
Os candidatos derrotados foram David Lappartient, que assumiu a direcção do Comité Olímpico Francês (CNOSF), em Junho de 2023, também é presidente da União Ciclista Internacional (UCI), desde 2017.
Foi eleito para o COI, em Fevereiro de 2022, presidindo a Comissão de Desportos Electrónicos e chegou a um acordo com a Arábia Saudita para que este país organize os futuros Jogos Olímpicos de Desportos Electrónicos, durante 12 anos.
Sebastian Coe, bicampeão olímpico dos 1.500m, foi organizador dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, deputado conservador britânico, presidente do Comité Olímpico Britânico e, sobretudo, chefe mundial do atletismo.
Já Juan Antonio Samaranch Jr., filho do emblemático Presidente do COI, Juan Antonio Samaranch (1980-2001), aos 65 anos, não tem histórico como atleta, mas é, pela segunda vez, vice-presidente do COI (2016-2020 e desde 2022) e acompanha de perto as questões de marketing.
Por seu lado, o príncipe jordaniano Feisal Al-Hussein, irmão do Rei Abdullah II da Jordânia, preside o Comité Olímpico Jordano, desde 2003 e é membro do COI, desde 2010. Desde 2017, este ex-militar, de 61 anos, tem se dedicado a questões de prevenção de assédio e abuso no desporto.
O empresário Johan Eliasch, Presidente da Federação Internacional de Esqui (FIS), desde 2021, britânico-sueco de nacionalidade, com 62 anos de idade, dirige, desde 1992, a empresa de equipamentos desportivos Head.
Por último, concorreu também o presidente da Federação Internacional de Ginástica, o japonês Morinari Watanabe, de 65 anos.
A eleita Kirsty Coventry, ex-nadadora de 41 anos, foi a única mulher entre os candidatos, com sete medalhas, duas delas de ouro, sendo actualmente ministra dos Desportos no seu país.
No COI, desde a sua entrada, em 2013, presidiu a Comissão de Atletas, ocupando, desde 2018, um cargo
na Comissão Executiva, e lidera a Comissão de Coordenação dos Jogos Olímpicos de Brisbane-2032.