Antigo gestor público admite ter recebido dinheiro
04/10/2021 05h04
Vários são os ex-gestores públicos que, desde 2017, vão parar às barras do tribuanl para um acerto de contas com a justiça, no ambito do combate a corrupção. Desta vez é o momento do ex-director da Educação do Moxico, Raimundo Ricardo. O antigo mandatário nas terras da liberdade, que está a ser julgado pelo crime de peculato, admitiu, em tribunal, ter recebido três milhões de kwanzas do sócio-gerente da empresa Vladigir, contratada para prestar serviços que nunca foram concretizados.
Raimundo Ricardo é ainda acusado dos crimes de branqueamento de capitais, corrupção passiva, abuso de poder, crimes de tráfico de influência e associação criminosa.
O Ministério Público acusa o ex-director de ter autorizado várias ordens de saque beneficiando três empresas privadas, com um montante equivalente a mais de 64 milhões de kwanzas, entre os anos 2018 e 2019, por serviços que supostamente não foram prestados.
Segundo a Angop, entre as empresas arroladas ao processo, consta a Frederico Lucas Lda, que terá beneficiado mais de 21 milhões de kwanzas para a reabilitação e reparação de carteiras e da escola do ensino primário Nº 154, no bairro Zorró. Nos autos, é ainda citada a empresa Feaires, acusada de ter recebido 10 milhões de kwanzas, para transportação de materiais didácticos para alguns municípios da província, bem como a reabilitação da escola nº 174.
Segundo a acusação, o único serviço prestado pela Feaires terá sido a de pintura de duas salas de aula e compra de três fechaduras, bem como algumas chapas de zinco.
De acordo ainda com a acusação, o ex-director da Educação terá autorizado o pagamento de 27 milhões de kwanzas, à conta da empresa Vladigir, com vista a formação de um grupo de professores, facto que alegadamente não foi concretizado.
O MP esclareceu que os valores entregues à Vladigir foram, posteriormente, devolvidos (em cash) ao ex-director, Raimundo Ricardo, tendo sido gratificado com um montante na ordem de 10 por cento do total transferido, via ordem de saque, pela utilização da conta bancária.