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Corredor do Lobito: o que é e qual sua importância para a economia angolana

Vista do Porto do Lobito
Vista do Porto do Lobito Imagens: Cedida

Redacção

Publicado às 13h38 03/07/2023 - Actualizado às 09h26 07/12/2023

Lobito – O intercâmbio comercial na sub-região da África austral terá novo impulso após a assinatura, esta terça-feira (4), nesta cidade, do contrato de transferência da concessão dos serviços ferroviários e da logística de suporte do Corredor do Lobito.

O Lobito Atlantic Railway, consórcio vencedor do concurso internacional para exploração do Corredor, no dia 4 de Novembro de 2022, é formado pelas empresas Trafigura, Vecturis e Mota-Engil.

O consórcio prevê, ao longo de 30 anos, aumentar a frequência diária para 50 comboios e garantir 1.600 empregos directos.

Terá como responsabilidade a transportação de cargas de grande porte, como por exemplo os minérios provenientes da República Democrática do Congo e da Zâmbia, bem como a manutenção das infra-estruturas (oficinas, a linha férrea).

Com gestão privada, o Corredor do Lobito integra o Porto do Lobito, o Terminal Mineiro, o Aeroporto da Catumbela e o Caminho de Ferro de Benguela.

Dado o papel estratégico para o desenvolvimento económico regional, foram investidos mais de dois mil milhões de dólares na reabilitação e modernização das infra-estruturas e meios circulantes do Corredor do Lobito, com vista a dinamizar o transporte de mercadorias diversas, beneficiando os três países fronteiriços.

O Governo angolano tem em carteira a conclusão do estudo de viabilidade para a construção da linha de 259 quilómetros de extensão, que vai ligar Angola à Zâmbia, partindo do município do Ruacano (Moxico), até à região fronteiriça de Jimbe (Zâmbia), processo que aguarda, até ao momento, pelo lançamento de concurso público.

A recuperação das vias férreas na Zâmbia e na RDC é fundamental para permitir a sua interligação ao CFB, na zona do Luau, na fronteira de Angola, e, com isso revitalizar o transporte de minério até ao Lobito.

Em relação às duas principais infra-estruturas do corredor, nomeadamente o Porto Comercial do Lobito e o CFB, prepararam-se para enfrentar o desafio que se avizinha, com o aumento do movimento de carga na região.

O Corredor do Lobito apresenta uma rota estratégica alternativa para os mercados de exportação da Zâmbia e da RDC e oferece a rota mais curta que liga as principais regiões mineiras dos dois países encravados ao mar.

Em Angola, o Corredor liga 40 por cento da população do país, potenciando investimentos de grande envergadura na agricultura e comércio nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, regiões atravessadas pelo CFB.

A adjudicação do Corredor do Lobito ao consórcio composto pelas empresas Trafigura, Vecturis e Mota Engil encerra benefícios relevantes para o país, como o impacto directo no desenvolvimento de indústrias fortemente dependentes da cadeia logística, como são a agricultura e as minas, e a consequente criação de empregos em cada uma destas áreas.

Alternativa ao transporte rodoviário 

O Corredor do Lobito também vai criar oportunidades para o desenvolvimento de pequenos negócios adjacentes ao transporte ferroviário e uma alternativa ferroviária competitiva face ao transporte rodoviário. Esta alternativa é capaz de contribuir para a redução das tarifas de transporte de carga.

Financeiramente, a exploração do Corredor do Lobito vai permitir que o transporte ferroviário "venha a aportar um conjunto de benefícios positivos, contribuindo para o desenvolvimento local e regional, em torno da linha férrea, e podendo representar uma contribuição para o Produto Interno Bruto, estimada entre 1,6 a 3,4 mil milhões de dólares”.

A capacidade técnica e a robustez financeira das empresas integrantes do consórcio são uma garantia para a correcta operacionalização do transporte das mercadorias no Corredor do Lobito.

A empresa belga Vecturis é uma operadora ferroviária privada que fornece serviços de transporte de passageiros, minérios e mercadorias, em qualquer parte do mundo. Fundada em 2006, assume-se, no mercado, como um dos operadores ferroviários mais experientes em operações ferroviárias privadas nas economias emergentes e já opera em países como África do Sul, Brasil, Rússia, entre outros.

A suíça Trafigura, fundada em 1993, é um dos maiores grupos de comércio de commodities físicas do mundo. Também possui e opera vários activos industriais, incluindo a empresa de armazenamento e distribuição de combustível Puma Energy. Actualmente, emprega mais de 13 mil pessoas em 48 países.

Por seu turno, a empresa portuguesa Mota Engil está há mais de 70 anos a operar no mercado angolano, no sector de Engenharia e Construção.

Responsabilidades do CFB

 O Caminho de Ferro de Benguela vai responsabilizar-se pelo transporte de passageiros e as cargas mais leves.

O CFB tem 67 estações, ao longo de uma linha férrea com mil, 344 quilómetros, atravessando as províncias de Benguela, Bié, Huambo e Moxico.

Tem um centro de controlo, localizado no Lobito, para interagir com os comboios através de internet, seja em que posto se encontrarem, oficinas no Huambo e no Lobito, assim como hospitais e postos médicos para os seus trabalhadores.

Porto do Lobito rumo ao desenvolvimento

O Porto Comercial do Lobito, na província de Benguela, está a realizar investimentos avultados, focados na criação de condições para se transformar em Porto Senhorio, segundo o seu presidente do Conselho de Administração, Celso Rosas.

Na condição de Porto Senhorio (landlord port, na língua inglesa), o Porto do Lobito vai cuidar apenas da gestão pública e da movimentação reduzida passageiros e produtos comerciais, enquanto o sector privado será o responsável pelas infra-estruturas portuárias, sob forma de concessão.

Esta situação, segundo o PCA, levará a Administração do Porto a ter como principais atribuições as de regular e fiscalizar a actividade do porto, exercendo um papel de Autoridade Portuária.

O Porto do Lobito tem como principais infra-estruturas, o terminal polivalente (carga geral e contentorizada), o mineraleiro e o Porto seco. 

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