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União Africana defende urgente reforma das instituições internacionais

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Logotipo do BAD Imagens: Divulgação

Redacção

Publicado às 14h01 29/05/2024 - Actualizado às 14h01 29/05/2024

Nairobi - O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, afirmou, esta quarta-feira, em Nairobi (Kenya) que é urgente trabalhar numa reforma profunda das instituições de governação financeira internacional.

“A gestão do sistema financeiro internacional, que escapa totalmente ao controlo de África, impõe-lhe custos de financiamento elevados, bem como o impacto negativo das crises financeiras”, criticou Faki Mahamat, na sessão oficial de abertura da 59.ª reunião anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento e da 50.ª reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento, que decorre no Centro Internacional de Conferências Kenyatta, desde segunda-feira.

“A contribuição dos financiamentos externos para a gestão do desenvolvimento de África ficou muito aquém das expectativas, o que reflete mais uma injustiça para África”, apontou, sublinhando tratar-se de uma “injustiça que tem muitas faces”.

Recordou que, embora não seja responsável pelo aquecimento global, o continente africano sofre as consequências sem beneficiar da solidariedade financeira consagrada nas sucessivas declarações das várias conferências, disse.

O Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do continente e encontra-se reunida em Nairobi, até sexta-feira, para debater "A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitetura Financeira Global", com a participação de cerca de três mil personalidades, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de várias áreas, de todo o mundo.

Faki Mahamat defendeu a urgente reforma das instituições internacionais, visando adoptar soluções adequadas para os países confrontados com problemas de notação soberana, de endividamento excessivo, de efeitos das alterações climáticas, de evasão fiscal e de fluxos ilícitos.

Salientou que a recente adesão da União Africana como membro permanente do G20 marca um ponto de viragem decisivo e uma nova esperança para África se envolver no processo dinâmico de reforma da governação económica e financeira mundial.

Lamentou o atraso na implementação das instituições financeiras da União Africana, que continuam adiadas, como o Banco Central Africano, o Banco Africano de Investimento, o Fundo Monetário Africano ou a Bolsa Pan-Africana de Valores, reconhecendo ser o momento para se adoptar um plano concreto para o efeito.

Segundo informação do BAD, apesar de um “crescimento económico sustentado ao longo das duas últimas décadas, a transformação económica de África continua incompleta”. O Produto Interno Bruto (PIB) real do continente cresceu 4,3 por cento por ano entre 2000 e 2022, “em comparação com a média mundial de 2,9 por cento, e muitas das 10 economias de crescimento mais rápido do mundo situavam-se em África”.

“Apesar deste sólido desempenho em termos de crescimento, a estrutura das economias africanas não se alterou significativamente nas últimas duas décadas, com os sectores da agricultura, da indústria e dos serviços a representarem, em média, 16, 33 e 51 por cento, respectivamente, do PIB global de África, entre 2000 e 2022. Estes níveis são semelhantes aos registados na década de 1990”, recorda a instituição.

O BAD conta com 81 Estados-membros, entre os quais 53 países africanos e 28 países de outros continentes.

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