PESCAS
Angola perde anualmente 211 milhões de euros com a pesca ilegal
18/07/2024 19h21
Luanda – A ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen Neto, disse que o Estado angolano regista anualmente perdas de mais de 200 mil milhões de kwanzas, devido à pesca ilegal.
Falando à imprensa, esta quarta-feira, em Luanda, no final da quarta conferência da revista Economia & Mercado sobre Economia Azul, que avaliou a estratégia nacional para o Mar, ao fim de dois anos, a ministra disse que o Estado perde mensalmente cerca de 20 mil milhões de kwanzas com a pesca ilegal, não regulada e não declarada, sem contar com o peixe que entra para o circuito de maneira errada.
Ao discursar no encerramento da conferência, Cármen Neto admitiu que ainda é insuficiente a produção de pesca para o consumo interno, apelando ao fomento da aquicultura para se ultrapassar a situação, frisando que o Governo está a incrementar políticas públicas fortes, para permitir que os aquicultores tripliquem as suas produções, o que já se verificou em 2023.
A aquicultura em Angola já tem um peso superior a 50 por cento na produção anual de pescado, maioritariamente utilizado para consumo humano, indicam dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Por seu lado, a directora nacional dos Assuntos do Mar e Recursos Marinhos, Tânia Barreto, disse, durante a conferência, que, em 2023, a produção de aquicultura atingiu 10 mil toneladas, prevendo-se para este ano cerca de 15 mil toneladas.
No último trimestre, a contribuição do sector das pescas para as receitas do país baixou, comparativamente ao período homólogo de 2023, mas, segundo a ministra, prevê-se que até ao final do ano atinja cerca de quatro por cento.
Relativamente aos avanços da economia azul, a ministra referiu que há uma comissão multissetorial para os assuntos do mar, coordenada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, que vai permitir que todos os assuntos do mar possam ser discutidos e se possam alinhar as políticas públicas necessárias para o efeito.
Em declarações à imprensa, o vice-presidente para a pesca industrial da Associação de Pesca Industrial, Semi-industrial e Artesanal de Luanda (Apasil), António Gama, salientou que a actividade da pesca, durante muito tempo, se manteve na linha vermelha dos bancos, por incumprimentos.
António Gama referiu que, com a criação de alguns programas, como o Planapesca, alguns bancos estrangeiros estão abertos a financiar projectos, mas com a exigência de garantias, destacando que algumas empresas das províncias de Benguela e Namibe têm solicitado financiamentos para a aquisição de embarcações.
“Em Luanda o investimento nas pescas pelas instituições financeiras tem sido muito diminuto. Estamos bastante apreensivos e ansiosos para que se possam dar alguns passos, para que possa haver renovação da frota, melhoramento e capacitação da frota que temos”, realçou.