FINANCIAMENTO
Angola quer alargar carteira de projectos financiados pelo Banco Mundial
23/10/2024 12h46
Washington - O ministro angolano do Planeamento, Víctor Hugo Guilherme, manifestou, em Washington, esta segunda-feira, o interesse do país em querer alargar a carteira de projectos financiados pelo Banco Mundial.
À saída de um encontro que uma delegação angolana de alto nível manteve com a vice-presidente do Banco Mundial para África Oriental e Austral, Victória Kwakwa, o ministro angolano adiantou que o país precisa de recursos para potenciar a cadeia de valor do sector produtivo em busca da segurança alimentar.
“Quando falamos de segurança alimentar estamos a falar de toda a sua cadeia de valor, que vai desde a produção primária, transporte, armazenamento, transformação e comércio", enfatizou Victor Hugo Guilherme, considerando serem também prioridades os sectores dos transportes, sobretudo o Corredor do Lobito, onde Angola identificou oportunidades nas áreas da agricultura, logística, indústria e turismo.
Outras infra-estruturas destacadas são as da energia, com o envolvimento do sector privado, sobretudo nas linhas de transportação e e conexão das redes eléctricas de Angola e Namíbia, e estradas, por, entre outras valias, facilitarem o escoamento da produção, como elemento crucial no apoio aos esforços para o alcance da segurança alimentar.
Víctor Hugo Guilherme destacou que Angola tem o seu capital humano como prioridade, com particular atenção para a gestão de projectos nos sectores público e privado, capacitação em empreendedorismo e elaboração de projectos bancáveis.
Por seu lado, a vice-presidente Victória Kwakwa reafirmou o alinhamento das prioridades de Angola à visão e objectivos do Banco Mundial, e aproveitou a ocasião para anunciar que o Programa de Apoio Orçamental, avaliado em 500 milhões de dólares, solicitado por Angola, foi aprovado pela sua instituição.
A ministra angolana das Finanças, Vera Daves de Sousa, agradeceu o apoio que o Banco Mundial tem prestado ao país, não apenas financeiramente, mas também ao nível das reformas em curso, que tem permitido garantir uma melhor gestão dos recursos.
Já o director regional do Banco Mundial para Angola, RDC, Burundi e São Tomé e Príncipe, Albert Zeufack, reconheceu que o encontro com a delegação angolana serviu para clarificar "como é importante Angola para investir na educação das pessoas e o quanto é importante continuar a investir no agro-negócio”.
O ministro do Planeamento, Victor Hugo Guilherme, chefia a delegação angolana nas reuniões do Banco Mundial (GBM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), tendo declarado à imprensa angolana (ANGOP, RNA e Jornal de Angola) que os primeiros encontros realizados serviram igualmente para analisar a performance dos projectos que estão a ser implementados no país, com o apoio do BM.
Salientou que Angola pretende financiamentos para projectos que estejam ligados aos objectivos do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), com destaque para a segurança alimentar e o capital humano, assim como a transformação digital e a conexão energética.
Recordou que faz parte da agenda do Banco Mundial o apoio aos países africanos no sector agrícola e toda a sua cadeia de produção, visando o combate à pobreza e à fome, bem como a criação de emprego e aumento da renda das famílias.
Por outro lado, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, revelou que Angola tem a intensão de explorar o mercado japonês, com a emissão de “Títulos Samurai” (título emitido por estrangeiros no mercado japonês), contando com a garantia do Banco Mundial.
“Gostaríamos de aprofundar a pretensão de Angola explorar as oportunidades que o mercado japonês oferece, em função das condições financeiras disponíveis e favoráveis”, sublinhou.
Em resposta as questões levantadas pela delegação angolana, a vice-presidente Victoria Kwakwa assegurou que a sua instituição concorda com os projectos de Angola e está disponível em apoiar técnica e financeiramente o país.
Adiantou que o Banco Mundial prevê apresentar a sua proposta orçamental de 2025, que estima um aumento em 280 por cento, com foco nos sectores da educação e saúde.
A delegação angolana participou ainda nos debates sobre financiamento climático e o estado de implementação dos projectos financiados pelo BM - constrangimentos, desafios e os próximos passos.
Fazem ainda parte da delegação angolana, o governador do Banco Nacional de Angola, Manuel Tiago Dias, o presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola, Armando Manuel, e representantes da banca nacional e especialistas.
Durante seis dias, a agenda prevê a participação de Victor Hugo Guilherme, Vera Daves de Sousa e Manuel Tiago Dias como prelectores de três fóruns que juntam investidores, numa promoção de instituições bancárias, nomeadamente City Bank, Deutsche Bank, Standard Chartered e Standard Bank.
As reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional são um conjunto de eventos que junta líderes influentes de governos, empresas, organizações internacionais, sociedade civil e academia, em busca de soluções para os desafios de desenvolvimento económico e sustentabilidade do mundo actual.