Governos africanos devem investir mais na agricultura
Kampala – A ministra angolana do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, defendeu, esta sexta-feira, em Kampala (Uganda), que os governos africanos devem aumentar o investimento na agricultura sustentável, no quadro das actuais mudanças climáticas extremas.
Ana Paula de Carvalho, que falava à imprensa, à margem da reunião ministerial conjunta entre os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Agricultura, no quadro da cimeira extraordinária da União Africana sobre Programa Abrangente para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP), adiantou que o investimento no sector agrícola deve estar alinhado com a componente ambienta.
A cimeira extraordinária da União Africana sobre Programa Abrangente para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP), que decorre de 09 a 11 do corrente mês, conta com a presença do Presidente angolano, João Lourenço, que preside, este sábado a reunião de Chefes de Estado e de Governo africanos.
A ministra do Ambiente sublinhou que uma aposta sustentada no sector agrícola resulta da necessidade de se dar resposta aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tendo destacado Angola dispõe de uma Estratégia Nacional para Acção Climática.
Defendeu que é importante uma forte aposta na agricultura, “mas sempre de mãos dadas com a componente ambiental”, na perspectiva da sustentabilidade, a longo prazo.
A cimeira extraordinária é uma iniciativa enquadrada na Agenda 2063 da União Africana, e visa, entre outros objectivos, o incremento do investimento público na agricultura, o estímulo ao crescimento económico, para ajudar os países africanos a eliminarem a fome e reduzir a pobreza.
Lançado em 2003, na sequência da Declaração de Maputo, e reafirmado em 2014, na Guiné Equatorial, com a Declaração de Malabo, o CAADP centra-se na melhoria da segurança alimentar e nutricional e no aumento dos rendimentos nas economias agrícolas do continente.
Comissária da União Africana defende aposta em sementes melhoradas
A comissária da União Africana para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Meio Ambiente Sustentável, Josefa Sacko, defendeu, esta sexta-feira, no Uganda, a aposta em sementes melhoradas para acelerar a produtividade agrícola em África.
Falando à imprensa, no quadro da cimeira extraordinária da União Africana sobre o Programa de Desenvolvimento Agrícola Abrangente da África (CAADP), que decorre em Kampala, recordou que a segurança alimentar e a nutrição são questões que devem mobilizar a atenção do continente.
Segundo disse, um dos entraves ao desenvolvimento da agricultura em África é o défice em infra-estruturas na maior parte dos países, levando a migração de milhares de pessoas das zonas rurais para as urbanas.
Recordou que, durante a cimeira, foi proposto que se crie uma missão da agricultura nos parlamentos, visando o objectivo de se orçamentar 10 por cento para a agricultura, projecção que os países insulares do continente dizem não poder cumprir, devido a escassez de recursos.
Sublinhou que a estratégia e o plano de acção do CAADP, para os próximos 10 anos, visam aumentar a produção de alimentos, expandir a agregação de valor, impulsionar o comércio intra-africano, criar milhões de empregos para os jovens e mulheres, construir cadeias de valor agro-alimentares inclusivas, bem como sistemas agro-alimentares resilientes e sustentáveis.
A cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da União Africana encerra este sábado, com a reunião que vai adoptar a “Declaração de Kampala” e uma estratégia e plano de acção para os próximos 10 anos,com vista a impulsionar a implementação da “Declaração de Malabo” sobre crescimento agrícola acelerado, transformação para a prosperidade compartilhada e melhoria dos meios de subsistência.