Ministros das Finanças africanos apoiam visão da África do Sul no G20


Luanda - Os ministros africanos das Finanças reafirmaram o seu alinhamento com a visão de liderança da África do Sul, no corrente ano, por sugestão da delegação de Angola.
A África do Sul detém este ano a presidência rotativa do G20, organização que congrega 18 países com as economias mais desenvolvidas do mundo e a União Europeia e União Africana.
Ao reconhecerem que o G20 não se trata de um mecanismo que pode angariar recursos para o desenvolvimento do continente, os ministros das Finanças entendem tratar-se de uma plataforma "com voz e vez, capaz de alterar modelos funcionais por via de uma diplomacia activa".
A ministra angolana das Finanças, Vera Daves de Sousa, em nome da presidência angolana da União Africana, reuniu-se com os seus homólogos africanos e governadores de bancos centrais, presentes em Washington (EUA), no quadro das reuniões de primavera do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os ministros reiteraram as preocupações de África com as elevadas taxas de juro, que travam o desenvolvimento do continente e tornam cada vez mais pesada a dívida das suas nações, adianta um despacho do JA.
O ministros sul-africano das Finanças, Enoch Godongwana, disse que o seu país quer trabalhar com os homólogos africanos, recordando a experiência que está a ser desenvolvida entre os países africanos, da constituição de grupos de trabalho, para concertação de objectivos comuns, ao longo da presidência do país no G20.
Enoch Godongwana agradeceu a iniciativa de Angola de juntar, em Washington, os ministros das Finanças a fim de, em conjunto, entrarem nas reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI com uma visão de bloco único.
A África do Sul assumiu a presidência do G20, em Dezembro de 2024, com o lema "Promover solidariedade, igualdade e desenvolvimento sustentável".
Criação de fundo de cooperação para África lusófona
Portugal e a Sociedade Financeira Internacional (IFC), ligada ao Banco Mundial, assinaram, em Washington, um acordo de criação de um fundo de cooperação técnica para a África lusófona.
Assinaram o acordo o ministro de Estado e das Finanças de Portugal, Joaquim Miranda Sarmento, e o vice-presidente da IFC, Ethiopis Tafara, à margem de uma reunião informal dos ministros das Finanças da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na capital norte-americana, onde decorreram as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial.
O fundo foi constituído com uma contribuição de 1,5 milhões de euros de Portugal e será gerido pela IFC, segundo o Ministério das Finanças angolano, citado pelo JA.
Joaquim Miranda Sarmento disse a lusofonia, a CPLP e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) são um eixo fundamental da política de Portugal, independentemente dos Governos, destacando que o seu país tem uma relação histórica, cultural, social, política muito forte e laços de amizade muito significativos.
O fundo criado, denominado "Portugal-IFC Partnership in Lusophone Africa", é uma iniciativa estratégica que visa fortalecer a cooperação técnica entre Portugal e os PALOP, e destina-se a financiar actividades de assistência técnica fundamentais para alavancar a implementação de projectos bancáveis, focado na redução do 'gap' de infra-estrutura, desenvolvimento dos sectores produtivos e promoção da inclusão financeira com uma abordagem que integra dimensões sociais, ambientais, de género e de governança.
O Compacto Lusófono para o Financiamento do Desenvolvimento é uma iniciativa estratégica, lançada em Novembro de 2018, que reúne o Banco Africano de Desenvolvimento, Portugal, os PALOP e o Brasil, com o propósito de acelerar o crescimento sustentável, inclusivo e diversificado do sector privado.
O compacto visa mobilizar e alavancar investimentos privados e parcerias público-privadas, através de uma combinação de financiamentos, garantias, assistência técnica e reformas políticas que eliminem os entraves ao desenvolvimento.