Uso de templos para campanhas políticas divide opiniões em Angola

21/06/2022 07h18
Religiosos e membros da sociedade civil mostram-se contra actos políticos realizado no interior das igrejas, apesar da lei Eleitoral vigente em Angola não proíbe o uso de templos religiosos para as campanhas.
Com a campanha eleitoral à porta em Angola, os actores políticos estão a procura da simpatia dos eleitores, visando o alcance de melhores resultados nas eleições gerais de 24 de agosto.
As igrejas, por serem locais de concentração de vários extratos sociais, têm sido alvo de acenos políticos. Mas a ideia de abrir portas e ceder púlpitos a políticos, em tempos de campanha eleitoral, tem divido opiniões entre religiosos e sociedade civil.
Para o pastor Pedro Trindade, o púlpito é um lugar sagrado reservado para a preparação, moralização e instrução do povo para a salvação. Por isso, discorda do uso deste espaço para a transmissão de temas ideológico-partidários e considera importante que os líderes religiosos consigam separar as suas simpatias políticas das funções sacerdotais.
O sociólogo Memória Ekolika diz que são políticos que exigem às lideranças religiosas que incluam um espaço de intervenção nos cultos e missas. Ekolika reprova este comportamento que classifica de "promíscuo" e diz não fazer sentido dar um tratamento diferenciado aos políticos, quando se deslocam a missas e cultos. O académico pede às lideranças religiosas para que olhem para os constrangimentos que causam ao tratarem crentes de forma diferenciada. (Vinisia Mateus)