A pedido da sua família dos Santos, inicia nesta segunda-feira (11) o processo de autópsia ao corpo do ex-chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, falecido na última sexta-feira, em Barcelona, Reino de Espanha.
Depois do resultado da autópsia, o corpo será transladado para Luanda onde vai ocorrer o funeral com honras de Estado.

José Eduardo dos Santos morreu vítima de doença depois de ter estado internado por duas semanas depois de uma parada cardiorrespiratória.

Mais de 30 anos a dirigir o país

José Eduardo dos Santos governou Angola por 38 anos. A sua estada à frente dos destinos de país foi marcada por vários acontecimentos, reconhecimentos e críticas nos planos nacional e internacional.
A nível interno, José Eduardo dos Santos aboliu a pena de morte, liderou a transição democrática, fazendo o país sair do sistema de partido único para multipartidarismo.

Sob sua liderança, Angola realizou as primeiras eleições em 1992 cuja contestação dos resultados, pela UNITA, deu origem ao retorno da guerra civil no país.

Lutou contra a ingerência do exército sul-africano no território angolano. Negociou a paz com a UNITA para colocar fim a guerra civil que assolava o país há vários anos, facto que viria a ser consumado em 2002 com a morte do líder do galo, Jonas Savimbi, o que lhe valeu entre os angolanos o título de "Arquitecto da paz".

Dirigiu o país para reconstrução depois de 27 longos anos de guerra. Bem como criou condições para transformar Angola num país com maior abertura para o sector da economia. No âmbito da reconstrução, transformou Angola num canteiro de obras. Propiciou um ambiente para a geração de crescimento econômico e social.

A nível internacional, Dos Santos, foi importante para a derrota do apartheid, sistema racista que vigorava na África do Sul, negociou a liberdade de Nelson Mandela, contribuiu para o alcance da independência da Namíbia. Lutou para o alcance e manutenção da paz e estabilidade na parte sul do continente africano, e na zona dos Grandes Lagos, em particular.

Pelo modo como liderava Angola rumo ao progresso e ao desenvolvimento, em 2014 foi nomeado "Homem do ano" pela revista África World. Em 2015, foi agraciado com o prémio de boa governação "MeAfrica Award" nos Emiratos Árabes Unidos.

José Eduardo dos Santos foi muitas vezes acusado por organizações nacionais e internacionais de corrupção, nepotismo, perseguição e silenciamento dos adversários políticos.

Em Março de 2016, Dos Santos anunciou que se retiraria da vida política. João Lourenço, actual presidente, viria a ser o seu substituto enquanto líder do MPLA e cabeça de lista na corrida as eleições de 2017.

Lourenço foi eleito e empossado a 26 de Setembro do mesmo ano. É o fim da liderança de Dos Santos à frente dos destinos de uma nação que governou por 38 anos.

José Eduardo dos Santos, popularmente conhecido como "Zé Du" deixou viúva e dez filhos. Calou-se para sempre a voz do homem que desejava ser lembrado "como um bom patriota". (Janeth Meio-Dia)