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Partido de extrema-direita vence eleições regionais na Alemanha

Partido de extrema-direita vence eleições regionais na Alemanha
Partido de extrema-direita vence eleições regionais na Alemanha Imagens: DR

Redacção

Publicado às 08h57 03/09/2024

Berlim – O Partido Alternativa para a Alemanha (AfD) foi o mais votado nas eleições regionais de domingo, no estado da Turíngia, apontam as sondagens, tornando-se no primeiro partido de extrema-direita a vencer uma disputa eleitoral neste pais desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

A Rádio Voz da Alemanha (DW) afirma que, na sequência das referidas eleições estaduais nos estados da Saxónia e da Turíngia, leste da Alemanha, há sinais de grandes convulsões políticas, que poderão também ter repercussões na política federal.

A vitória da AfD ocorreu na mesma região onde os nazis participaram pela primeira vez num governo regional, em 1930.

De acordo com a DW, uma sondagem realizada à boca das urnas “Infratest Dimap” indica que a AfD terá conseguido, na Turíngia, entre 30,5% e 33,5% dos votos, alcançando uma vitória nas eleições regionais, à frente da União Democrata Cristã (CDU), que teve cerca de 24,5%.

Na Saxónia, a projecção indica que a CDU terá conseguido resistir, com 31,5%, ligeiramente à frente da AfD, que terá tido 30%. O Partido Social Democrata (SPD) ficou em quarto lugar, com 8,5%, seguido pelos "Verdes" (5,5%) e "A Esquerda" (4%) terá ficado de fora do parlamento regional.

Em terceiro lugar nos dois estados ficou a Aliança Sahra Wagenknecht - Pela Razão e Justiça (BSW), um novo partido, que é considerado de extrema-esquerda. Segundo as projecções, na Saxónia a BSW terá obtido 12% dos votos, enquanto na Turíngia terá alcançado 16%.

A DW afirma que, os resultados das duas eleições regionais na Alemanha de Leste chocaram a Europa. O facto de um grande número de eleitores ter optado por um partido de extrema-direita que frequentemente minimiza o passado nazi é visto com incredulidade e horror no continente.

A presidente do Grupo Liberal no Parlamento Europeu, Valérie Hayer, qualificou este facto de “sem precedentes” e falou de um “dia negro” para a Alemanha e para a Europa.

Comissário Europeu para os Assuntos Económicos, Paolo Gentiloni, afirmou que a maioria de extrema-direita e de extrema-esquerda populista representa uma ameaça.
A imprensa local sublinha que os jovens representam mais de 40% das pessoas que votaram a favor dos partidos extremistas.

“Amigos da Rússia num antigo Estado satélite da URSS. Inimigos dos imigrantes numa região alemã com pouca imigração. Ressentimento contra tudo e contra todos”, descreveu.

Os referidos resultados eleitorais deixam igualmente os líderes europeus numa incógnita sobre a política externa do país.

Acredita-se que é pouco provável que o partido AfD e Sahra Wagenknecht transformem esta maioria numa coligação governamental, e teme-se que o seu forte sentimento anti ucraniano e pró-russo venha a influenciar a posição alemã ou mesmo europeia em termos de apoio à Ucrânia.

No entanto, o objectivo declarado dos outros partidos é impedir que o líder de extrema-direita da AfD, Björn Höcke, se torne primeiro-ministro, segundo a DW.

A imprensa alemã afirma que o AfD é classificado como um partido de extrema-direita pelos serviços secretos nos estados federais da Saxónia e de Turíngia, e “tem sido monitorizado em conformidade”.

Entretanto, com o BSW, recém-criado partido de esquerda projetado para ser o terceiro partido mais forte na Turíngia, a líder do BSW, Sahra Wagenknecht, deu a entender que pretende fazer uma coligação com a conservadora União Democrata Cristã (CDU).

"Esperamos poder vir a ter um bom governo com a CDU - provavelmente também com o SPD [centro-esquerda]", disse Wagenknecht à imprensa alemã.

Wagenknecht rejeitou mais uma vez a ideia de governar em conjunto com a AfD e denunciou o líder radical Björn Höcke pela sua visão nacionalista do mundo.

Ao mesmo tempo, Wagenknecht disse que o BSW precisaria de ver mudanças na política externa da Alemanha antes de se juntar a um governo estadual.

Em linha com as suas declarações anteriores sobre a prossecução das conversações sobre a guerra na Ucrânia, a líder da esquerda disse que deveria haver mais "paz e diplomacia".

"Estas serão as nossas condições para um governo", resaltou.

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