GOVERNAçãO
Milhares de manifestantes protestam contra o Presidente francês
07/09/2024 22h18
Paris - Milhares de pessoas juntaram-se hoje em Paris numa manifestação convocada por partidos de esquerda e sindicatos contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, e à sua escolha para primeiro-ministro, com receio de um governo de extrema-direita.
Dois meses após das eleições legislativas, o partido França Insubmissa (LFI), membro da coligação Nova Frente Popular (NFP), que elegeu o maior número de deputados sem uma maioria absoluta, convocou por toda a França uma mobilização pelo “golpe de força” de Macron, que nomeou na quinta-feira o conservador Michel Barnier, de 73 anos, como primeiro-ministro.
“Estou aqui hoje porque estou extremamente chocada com o abuso de poder e a traição de Macron, não é a única, mas é a pior que ele desencadeou no legislativo num momento perigoso, em que a extrema-direita União Nacional (RN) estava no seu nível mais elevado”, disse à imprensa Bernardette, de 60 anos.
O desfile, que começou na Place de la Bastille às 14:00 horas (13:00 de Angola) e partiu devagar pelas ruas, em direcção ao Palácio da Nação, teve como objetivo mostrar que “as pessoas não se vão deixar enganar” e estão “em desacordo com o abuso de poder de Macron”, segundo Bernardette.
A NFP exigiu que Macron devia nomear como chefe de Governo a sua candidata Lucie Castets, mas o Presidente francês recusou-se, decidindo nomear Barnie, membro do partido de direita Republicanos, que obteve 6% dos votos nas eleições, que poderá não ser censurado pela extrema-direita União Nacional (RN) de Marine Le Pen.
Para Bernardette, esta nomeação mostra a aproximação de Macron com a extrema-direita, porque “a política que vai ser seguida não é a política em que o povo votou, mas a política de extrema-direita, que será tanto a de Macron como a que Marine Le Pen aceitará”.
Também o líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, esteve presente na manifestação onde afirmou que esta será “uma batalha e uma luta que durará muito tempo” e que será apresentada uma moção de censura contra Barnier, assim que as sessões parlamentares começarem, o que poderá não acontecer antes de Outubro.
Muitos manifestantes traziam cartazes com frases como “Democracia?”, “Revolução, Macron, tu quebras as urnas”, “Frente popular” e “Ainda bem que votámos”.
“A situação não é boa, não é normal o que está a acontecer. O Presidente fez algo que não é democrático, não respeita as pessoas e isto é um cálculo político, ele quer ficar no poder”, segundo alguns manifestantes.
Os manifestantes fizeram-se acompanhar de música, principalmente vindo de um grupo de emigrantes que afirmava que “a sua arma é a solidariedade”, mostrando-se contra o que chamaram de racismo e fascismo da extrema-direita.
A manifestação contou ainda com um grande aparato policial espalhado pelas ruas da capital francesa, principalmente no ponto de chegada ao Palácio da Nação, mas sem desacatos nem violência.