CIMEIRA DO G20

G20: Lula da Silva considera fome produto de decisões políticas

Presidente do Brasil, Lula da Silva - DR
Presidente do Brasil, Lula da SilvaImagem: DR

19/11/2024 14h02

Luanda - O Presidente do Brasil e líder em exercício do G20, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, segunda-feira, no Rio de Janeiro, que a fome é produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade.

 De acordo com o JA Online, ao proceder à abertura da sessão da Cúpula das maiores economias do mundo, G20, o estadista disse que a fome e a pobreza não são resultados da escassez ou de fenómenos naturais.

“A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, é a expressão biológica dos males sociais. É produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade”, sublinhou.

O G20, acrescentou, representa 85 por cento dos 110 triliões de dólares do PIB mundial, enfatizando que também responde por 75 por cento dos 32 triliões do comércio de bens e serviços e 2/3 dos oito biliões de habitantes do planeta.

Perante estes números, Lula da Silva referiu que compete aos líderes mundiais presentes na Cimeira do G20, “a inadiável tarefa” de acabar com essa chaga, que envergonha a humanidade. “Por isso, colocamos como objectivo central da presidência brasileira no G20, o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Este será o nosso maior legado”, assegurou.

Frisou que não se trata apenas de fazer justiça, mas de uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz, justificando não ser por acaso, que constam dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 1 e 2 da Agenda 2030.

“Com a Aliança, vamos articular recomendações internacionais, políticas públicas eficazes e fontes de financiamento”, perspectivou, confiante, salientando que “o Brasil sabe que é possível”.

Lula da Silva disse que espera contar, para tal, com a participação activa da sociedade civil, de quem teve o apoio para conceber e implementar programas de inclusão social, de fomento da agricultura familiar e segurança alimentar e nutricional, citando o “Bolsa Família” e o Programa Nacional de Alimentação Escolar.

O Brasil, avançou o presidente do G20, conseguiu sair do Mapa da Fome da FAO, em 2014, lamentando ter voltado em 2022, num contexto de desarticulação do Estado de bem-estar social. “Foi com tristeza que, ao voltar ao Governo, encontrei um país com 33 milhões de pessoas famintas”, revelou o estadista brasileiro, para quem com o lançamento da Aliança Global o mundo fará muito mais.

O símbolo máximo na tragédia colectiva, afirmou, é a fome e a pobreza, destacando o facto de, segundo a FAO, em 2024, o mundo conviver com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas.

“É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome. São mulheres, homens e crianças, cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados”, deplorou.

Considera inadmissível a actual realidade, num mundo que produz quase seis biliões de toneladas de alimentos por ano e, inaceitável, num planeta cujos gastos militares chegam a 2,4 trilhões de dólares.

“Aqueles que sempre foram invisíveis estarão no centro da agenda internacional. Já contamos com a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas e organizações não-governamentais”, referiu, agradecendo a todos os envolvidos, entre os quais Chefes de Estado e de Governo, na concepção e no funcionamento da iniciativa, que já anunciaram contribuições financeiras.

“Foi um ano de trabalho intenso, mas este é apenas o começo. A Aliança nasce no G20, mas o seu destino é global”, assegurou, augurando que a cúpula seja marcada pela “coragem de agir”.

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