Argentina anuncia saída da Organização Mundial da Saúde
Buenos Aires - A Argentina deixará de integrar a Organização Mundial da Saúde (OMS), anunciou o porta-voz do governo, Manuel Adorni, na quarta-feira, 5 de Fevereiro, segundo o jornal argentino “La Nación”.
A decisão foi tomada dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter concretizado a saída do seu país da entidade internacional de saúde.
Seguindo a mesma linha, o governo argentino alegou divergências quanto à condução da organização, principalmente durante a pandemia da Covid-19, e destacou a necessidade de preservar sua soberania nas decisões sanitárias.
De acordo com Adorni, o presidente Javier Milei determinou que o ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, formalize a retirada do país da OMS.
O porta-voz argumentou que a entidade, em conjunto com o governo do ex-presidente Alberto Fernández, impôs restrições sanitárias excessivas durante a pandemia, resultando no que chamou de “o maior confinamento da história da humanidade”.
A retirada será formalizada por meio de um decreto assinado por Milei, segundo informações do jornal argentino “La Nación”.
Custo da adesão e impactos da saída da OMS
Entre as justificativas apresentadas pelo governo argentino, o custo de ser membro da OMS foi um dos pontos centrais. Segundo o “La Nación”, a contribuição anual da Argentina à organização gira em torno de 10 milhões de dólares por ano).
Além desse valor, há despesas adicionais com salários, diárias e assessores do representante argentino na entidade.
Para Adorni, a retirada não prejudicará a qualidade dos serviços de saúde no país, já que a gestão nacional não depende de fundos da OMS. “Pelo contrário, dá ao país mais flexibilidade para implementar políticas adaptadas para seu contexto e interesses, além de maior disponibilidade de recursos, reafirmando nosso caminho para ser um país com soberania também em matérias de saúde”, afirmou.
No pronunciamento, o porta-voz também mencionou que a medida reforça a ideia de que: “As decisões na Argentina são tomadas pelos argentinos”, uma frase que tem sido repetida frequentemente pelo presidente Milei.
A decisão do governo argentino acontece poucas semanas após Donald Trump ordenar a saída dos Estados Unidos da OMS. No primeiro dia de seu segundo mandato, o presidente norte-americano determinou a interrupção imediata de transferências de fundos e apoio financeiro à entidade.
Segundo Trump, a OMS teria sido pressionada pela China no início da pandemia, levando a decisões equivocadas que prejudicaram a resposta global à Covid-19.
O republicano já havia ameaçado retirar os EUA da organização durante seu primeiro mandato, mas a medida só foi oficializada agora, com a promessa de redireccionar os recursos para outras iniciativas de saúde.
Com a saída dos Estados Unidos, a OMS perdeu o seu maior financiador, já que o país era o principal contribuinte do órgão ligado à ONU.
A retirada da Argentina reforça a tendência de afastamento de organismos multilaterais adoptada por alguns governos de direita ao redor do mundo, principalmente os alinhados à gestão de Donald Trump.