Países-membros do BRICS preparam defesa a favor do comércio mundial

Brasília - A reunião dos ministros das relações exteriores dos países-membros do BRICS iniciada segunda-feira, em Brasília, está a preparar uma defesa conjunta do sistema de comércio global, através de uma resposta coordenada à vaga de novas tarifas impostas ao mundo pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

A expectativa é que a reunião produza uma declaração conjunta do grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e recentemente ampliado para incluir mais seis nações, criticando “medidas unilaterais” sobre o comércio mundial.

De acordo com a CNN Brasil, “os ministros buscam consenso numa declaração para reafirmar o conceito das negociações comerciais multilaterais como o principal eixo de acção no comércio”, devendo reafirmar as suas críticas às medidas unilaterais de qualquer origem, que tem sido uma posição de longa data dos países do BRICS”.

O grupo expandido do BRICS, que acrescentou Egipto, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irão no ano passado, enfrenta grandes desafios perante as acções tarifarias dos EUA.

A China, que foi atingida por tarifas de 145% sobre suas exportações para os Estados Unidos, pressionou por um tom mais severo no comunicado, mas, de acordo com uma fonte familiarizada com as negociações, o texto final será crítico, mas sem mencionar directamente os EUA, como gostariam os chineses.

Esse é o primeiro evento oficial do grupo após a ampliação de seus integrantes, com a participação também de países parceiros.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que coordena o encontro, disse a imprensa que o BRICS representa uma "manifestação extremamente importante da cooperação multilateral" e serve como plataforma para impulsionar o desenvolvimento dos países do Sul Global.

O bloco como um todo tem sido alvo de críticas de Trump, que ameaçou com mais 100% de tarifas se o BRICS avançar com uma moeda única para substituir o dólar nas relações comerciais — uma proposta que, na verdade, não está no horizonte, especialmente depois da expansão do grupo.

Como mostrou a Reuters em Fevereiro, o bloco busca maneiras de ampliar o comércio entre os países e diminuir a dependência do dólar, usando moedas locais e outras formas de reduzir os custos das transações.