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CIVICOP procura ossadas de ex-dirigentes da UNITA na Jamba

CIVICOP procura de ossadas das vitimas do conflito angolano
CIVICOP procura de ossadas das vitimas do conflito angolano Imagens: CIVICOP

Redacção

Publicado às 07h54 14/12/2023 - Actualizado às 07h56 14/12/2023

Luanda – Os corpos dos ex-dirigentes da UNITA, Tito Chingunji e Wilson dos Santos, mortos em 1991 na Jamba, terão sido “triturados e carbonizados, a mando de Jonas Savimbi, para apagar as pistas dos assassinatos”, segundo uma fonte citada pela Televisão Pública de Angola (TPA).

A Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) trabalhou, recentemente, na localidade da Jamba, província do Cuando Cubango, para localizar ossadas de ex-dirigentes da UNITA, entre os quais o brigadeiro Tito Chingunji e o coronel Wilson dos Santos.

Durante a jornada, não foi possível a localização das ossadas dos dois antigos dirigentes da UNITA, devido à falta de vestígios na localidade onde terão sido enterrados. Segundo a TPA.

A fonte da Televisão Pública de Angola confidenciou que, após a execução, o antigo presidente da UNITA, Jonas Savimbi, teria "mandado desenterrar os corpos, triturar e carbonizar, durante quatro dias", no sentido de "apagar, definitivamente", qualquer pistas dos assassinatos.

Segundo uma testemunha que falou à TPA, sob anonimato, afirmou ter participado na execução das duas figuras históricas da UNITA e suas respectivas famílias, e que Tito Chingunji e Wilson dos Santos terão sido mortos à paulada.

Tito Chingunji foi assassinado na Jamba, em 1991, aos 35 anos, assim como Wilson dos Santos teve o mesmo destino aos 39 anos, na mesma localidade, ambos por "orientação" do líder histórico da UNITA, Jonas Savimbi, segundo testemunhas.

Durante a missão, o grupo técnico da CIVICOP procurou, também, pelos restos mortais de familiares de Tito Chingunji e de Wilson dos Santos, antigos colaboradores directos de Jonas Savimbi.

Trata-se da esposa de Tito Chingunji, Raquel Matos (29 anos), e dos três filhos do casal: Estevão Calai (4 anos), os gémeos Eduardo e Matos (2 anos), assim como da esposa de Wilson dos Santos, Helena Jamba Chingunji dos Santos (35 anos), dos filhos David Elokelo (12 anos), Esmeraldo José (09 anos), Wilson dos Santos Júnior (5 anos) e Changuedila (11 meses), mortos também em 1991.

Entretanto, os trabalhos permitiram a localização de quatro ossadas de crianças, que se presume ser de alguns dos filhos de Tito Chingunji e Wilson dos Santos, informação que precisa de ser confirmada em laboratórios especializados.

Foram também localizados dois corpos de adultos, sendo o primeiro, supostamente, de um civil, e o segundo de um militar das extintas FALA, braço armado da UNITA.

A CIVICOP trabalhou ainda na localização das ossadas de um padre conhecido por "Camilo", morto em 1982, na região de Delta, supostamente a mando de Savimbi.

Conforme o porta-voz da CIVICOP, Israel Nambi, foi possível obter as ossadas de quatro menores, bem como baixar orientações para continuar os trabalhos em outros pontos, a fim de responder às solicitações formuladas pelas famílias das vítimas de conflitos armados registados em Angola, entre 1975 e 2002.

No quadro do seu trabalho, a CIVICOP já localizou e entregou às respectivas famílias os restos mortais de Jonas Savimbi, morto em combate, em Fevereiro de 2002, do antigo secretário-geral da UNITA, Adolosi Mango Alicerces, e do chefe da delegação do partido na Comissão Conjunta, Elias Salupeto Pena.

No mesmo sentido, a comissão já entregou as ossadas de Nito Alves, Monstro Imortal, Sanouk e Ilídio Ramalhete, todos antigos dirigentes do MPLA, igualmente vítimas de conflitos políticos, no período de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002.

Criada por Decreto Presidencial, em Abril de 2019, a CIVICOP tem por missão elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos ocorridos nesse período, sendo uma iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, no âmbito do processo de reconciliação entre os angolanos.

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