ELEIçõES

Vitória da esquerda sem maioria absoluta deixa em aberto formação de governo

Bandeira de França - Divulgação
Bandeira de FrançaImagem: Divulgação

08/07/2024 11h34

Paris – A vitória da aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) mantém em aberto a formação do novo governo em França, uma vez que nenhum dos blocos concorrentes nas eleições legislativas antecipadas alcançou maioria absoluta.

A coligação de esquerda terá assegurado entre 177 e 198 lugares na Assembleia Nacional (parlamento francês), segundo as últimas projecções e resultados parciais, enquanto a aliança centrista do actual Presidente, Emmanuel Macron, segue em segundo lugar, com 152 a 169 lugares, tendo a extrema-direita da União Nacional caído da liderança, que obteve na primeira volta para um terceiro lugar, com 135 a 143 lugares.

Com estes resultados nenhum dos partidos concorrentes às eleições irá obter os 289 lugares necessários para uma maioria absoluta no parlamento, que comporta 577 lugares.

Depois de encerradas as urnas e conhecidas as projecções, Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa, que integra a aliança de esquerda, exigiu a Macron que nomeie um primeiro-ministro da NFP.

"O nosso povo rejeitou claramente a pior solução possível", afirmou Mélenchon, acrescentando que o primeiro-ministro, Gabriel Attal, deve sair e a NFP deve governar, o que foi recebido com muitos aplausos e gritos de apoio por parte dos seus apoiantes.

Da residência oficial, o ainda chefe do executivo, Gabriel Attal, anunciou que, esta segunda-feira, apresenta a demissão ao Presidente da República, afirmando, porém, que poderá permanecer no cargo "enquanto o dever o exigir", nomeadamente no contexto dos Jogos Olímpicos que o país se prepara para acolher, de 26 de Julho a 11 de Agosto próximo.

O líder da União Nacional, Jordan Bardella, salientou que o partido registou o seu maior avanço na história, duplicando o número de deputados, e criticou o que cclassificou de “arranjos eleitorais” que “atiraram a França para os braços da extrema-esquerda”.

“A aliança da desonra e os arranjos eleitorais perigosos negociados por Emmanuel Macron e Gabriel Attal com as formações de extrema-esquerda impedem os franceses de terem uma política de recuperação nacional”, criticou Bardella, enquanto Marine Le Pen, figura de proa do partido da extrema-direita, garantiu que a vitória ficou “apenas adiada”.

O Partido Socialista francês, integrado na NFP, avisou que não aceitará qualquer coligação de opostos que traia o voto dos franceses e prolongue as políticas de Macron".

A "França merecia mais do que a alternativa entre neoliberalismo e fascismo", declarou o líder do Partido Socialista francês, Olivier Faure.

Stéphane Séjourné, secretário-geral do partido do Presidente francês, o Renascimento, afirmou ser óbvio que a NFP "não pode governar a França", uma vez que nenhuma coligação tem maioria na Assembleia Nacional.

Na primeira volta, em 30 de junho, o partido de extrema-direita conseguiu vencer pela primeira vez as eleições legislativas, ao obter 33,1 por cento dos votos e quase duplicar o seu apoio desde que a França elegeu a sua Assembleia Nacional pela última vez, em 2022.

Seguiu-se a NFP (que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa (LFI), partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon), com 28 por cento. O Ensemble (Juntos) de Macron obteve 20 por cento.

As legislativas francesas foram convocadas por Macron, após a derrota do seu partido e a acentuada subida da União Nacional nas eleições para o Parlamento Europeu de 09 de junho. A escolha de um novo executivo deveria ocorrer apenas em 2027.

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