Papa Francisco pede aos moçambicanos para manterem a fé na democracia
Maputo - O Papa Francisco pediu aos moçambicanos que não percam "a fé no caminho da democracia, da justiça e da paz", ao referir-se a situação em Moçambique, depois das eleições presidenciais, legislativas e para as assembleias provinciais, realizadas a 09 de Outubro último.
"As notícias que chegam de Moçambique são preocupantes. Convido a todos ao diálogo, à tolerância e à busca incansável por soluções justas. Rezemos por toda a população moçambicana, para que a situação actual não faça perder a fé no caminho da democracia, da justiça e da paz", disse o líder da Igreja Católica, na sua mensagem Angelus proferida este domingo, no Vaticano.
Na ocasião, o Papa Francisco citou e rezou pelas vítimas das catástrofes naturais na Indonésia e em Espanha.
A mensagem do Papa surge quando Moçambique vive um momento de grande tensão pós-eleitoral, com confrontos diários, entre a polícia e manifestantes que continuam a pedir a reposição do voto popular, por considerarem que a Frelimo, partido no poder, não ganhou as eleições presidenciais e legislativas, como anunciou a Comissão Nacional de Eleições.
Sexta-feira último, os bispos católicos da África do Sul, do Botswana e de Eswatini enviaram uma carta aos membros da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) a expressarem "solidariedade e orações com o povo de Deus", na sequência da agitação pós-eleitoral.
Dias antes, o porta-voz da CEM, lançou um veemente apelo à paz, tolerância e respeito à vida a todos os moçambicanos.
“Neste momento de tensão, quando muitos se preparam para manifestar suas preocupações, como pastores sentimos a urgência de nos dirigir a cada um de vós com um apelo à paz, tolerância e respeito à vida", disse em vídeo o arcebispo de Maputo, dom João Carlos Hatoa Nunes.
Neste domingo, Maputo celebrou os 137 anos da sua elevação à categoria de cidade, em meio a uma onda de manifestações que marcaram a semana finda.
Apesar de o clima ter sido calmo este fim-de-semana, o autarca da cidade, Rasaque Manhique, disse que pelo menos seis viaturas particulares e dois tractores ficaram "totalmente destruídos", 15 postos de semáforos foram vandalizados, bem como várias paragens, durante os mais recentes protestos
Manhique descreveu o cenário como um retrocesso no desenvolvimento.
"A destruição de infra-estruturas essenciais afecta o dia-o-dia dos nossos cidadãos, prejudica o funcionamento da cidade e representa um retrocesso nos esforços de desenvolvimento que temos implementado com tanto empenho e esforço", concluiu o presidente da municipalidade da capital moçambicana.