Presidente João Lourenço defende unidade dos moçambicanos e diálogo e concertação
Kampala – O Presidente da República, João Lourenço, disse, este sábado, em Kampala (Uganda), esperar que prevaleça o espírito de unidade dos moçambicanos e de diálogo e concertação para o restabelecimento da ordem pública e do pleno funcionamento das instituições.
Ao discursar no encerramento da cimeira extraordinária da União Africana sobre o Programa Integrado para o Desenvolvimento da Agricultura em África, João Lourenço adiantou esperar que o diálogo e a concertação permita também a retoma da actividade económica e comercial e o retorno da vida normal dos cidadãos.
Recordou que Moçambique, que enfrenta um conflito armado em Cabo Delgado que ainda não foi estabilizado em definitivo, “vê-se a braços com um novo desafio à democracia”, com o surgimento da crise pós-eleitoral, que já provocou mais de duas centenas de vítimas humanas, para além da destruição de importantes infra-estruturas económicas e sociais.
“Moçambique e os moçambicanos voltarão a sorrir e, unidos, trabalhar para o desenvolvimento económico e social do país”, sublinhou o Presidente angolano.
Em relação ao conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Rwanda, revelou que o mesmo “pode conhecer um desfecho em breve, se tivermos em conta os grandes avanços alcançados, nos últimos meses, nas reuniões do processo de Luanda, a nível ministerial”.
Adiantou que uma Cimeira ao mais alto nível “ajudará com certeza a desbloquear o impasse, para evitar o retrocesso do processo e assegurar que não sejam desperdiçados os entendimentos e ganhos já alcançados, nomeadamente no que concerne à neutralização das FDLR e à retirada do contingente militar do Rwanda do território da RDC”.
Manifestou a sua preocupação com a situação de guerra que o povo do Sudão enfrenta e as graves consequências para a vida e segurança dos cidadãos, para a economia do país e dos países vizinhos, pelo elevado número de refugiados que recebem.
“Mais uma vez, apelamos às partes em conflito a considerar seriamente a necessidade de resolução do conflito pela via do diálogo”, enfatizou João Lourenço.
Sobre a cimeira
Relativamente ao Programa Integrado para o Desenvolvimento da Agricultura em África, João Lourenço salientou a adopção do Plano de Acção Decenal 2026-2035 e a “Declaração de Kampala” sobre o mesmo, como decisões que serão cruciais para construir sistemas agro-alimentares robustos, resilientes, inclusivos e sustentáveis, visando crescimento económico sustentável e prosperidade partilhada.
Reconheceu que o continente africano possui condições favoráveis para o desenvolvimento de uma agricultura produtiva que possa satisfazer, não só as necessidades dos países, mas também a procura por alimentos de outras regiões do planeta.
A cimeira, sublinhou, abordou exaustivamente as questões de paz e segurança em África, especialmente as ligadas ao aumento das acções terroristas e de extremismo violento e as mudanças inconstitucionais de governos democraticamente eleitos.
Lamentou que algumas destas más práticas desviam o continente do seu objectivo central de promover o desenvolvimento, tendo como base propulsora a agricultura, tema da cimeira, apelando a se encontrar soluções para os problemas políticos que afectam alguns países africanos, sem recurso à violência ou ao uso da força das armas.
Reconheceu que, apesar de tudo, houve alguns progressos no desempenho do continente, no domínio da agricultura, defendendo a necessidade de mais empenho, determinação e recursos materiais e financeiros, para África sair do do estágio de vulnerabilidade e passar para uma etapa de maior dinamismo e de resultados substanciais para a segurança alimentar.
O estadista angolano dirigiu a cimeira na qualidade de primeiro Vice-Presidente da Mesa da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em representação do seu homólogo da Mauritânia e Presidente em exercício da organização continental, Mohamed Ould Ghazouani.