Paris – O Presidente da França, Emmanuel Macron, considerou, esta quinta-feira, em Paris, ter-se registado um “reforço espectacular” das relações com Angola, nos domínios da agricultura, defesa, espacial, educação, cultura, ensino superior, saúde humana e animal.

Em declarações aos jornalistas, depois de manter conversações com o seu homólogo angolano, João Lourenço, que realiza uma visita de Estado de dois dias a França, Emmanuel Macron salientou a renovação do Acordo Geral de Cooperação entre os dois países, firmado em 1982, como “um símbolo importante, porque Angola celebra o quinquagésimo aniversário da sua Independência”.

Destacou alguns acordos assinados entre os dois países, que poderão diversificar a parceria existente, entre os quais um no domínio do ensino superior, ciência, tecnologia e inovação, outro de financiamento de quatro milhões de euros, para a preservação da biodiversidade e da promoção de zonas protegidas, incluindo a Palanca Negra Gigante, animal ameaçado de extinção e símbolo de Angola.

Emmanuel Macron referiu-se ainda ao memorando de entendimento sobre o projecto de irrigação para reforçar a segurança alimentar, num montante de 100 milhões de euros, assim como ao reforço da cooperação em matéria de segurança interna para a luta contra a imigração irregular, terrorismo, criminalidade transnacional e tráficos.

Sublinhou o facto de, três meses depois da entrada de Angola na Francofonia, mais de quatro milhões de angolanos poderem contar com o apoio de França para a abertura dos liceus Eiffel para o ensino científico bilingue e para o programa angolano generalizado sobre o ensino do francês nas escolas elementares.

Disse que, no quadro das relações existentes, a visita do Presidente João Lourenço permite avançar o projecto de compra de um satélite para a observação da terra, em parceria com a Airbus, enquadrado num amplo programa a nível espacial.

Um projecto, liderado pelo Grupo Suez, vai fornecer água a três milhões de habitantes, e está engajado na construção de um hospital oftalmológico e uma mMaternidade, em Luanda, enfatizou o estadista francês.

“Queremos voltar a falar sobre o Corredor do Lobito, uma infra-estrutura ferroviária muito crucial para toda a região que liga a Zâmbia à RDC, ao Oceano Atlântico, atravessando Angola”, acrescentou o Presidente francês, revelando que uma grande empresa francesa representa uma vasta maioria dos investimentos realizados no mesmo, e que a França e a União Europeia estão com Angola na concretização do projecto.

Relativamente aos assuntos regionais e globais, Emmanuel Macron disse ter falado com o seu homólogo angolano sobre a biodiversidade, florestas e da Conferência das Nações Unidas sobre o assunto, a realizar-se em Junho próximo, assim como debruçaram-se sobre a Cimeira da Inteligência Artificial, que pretende que a África participe.

Ao destacar a necessidade da agenda dos dois países estar cruzada e estar em marcha, salientou o facto de o Presidente João Lourenço assumir a presidência da União Africana, em Fevereiro próximo, e a França a presidência do G7, em 2026.

“Nós queremos uma melhor representação de África em todas as instâncias, sobretudo no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, defendeu o estadista francês.

Saudou o papel de João Lourenço na busca da paz em África, particularmente em relação a crise nos Grandes Lagos, reconhecendo que a França apoia o Presidente angolano, no quadro do Processo de Luanda, priorizando o diálogo, a procura de uma paz duradoura e o respeito pelo território da República Democrática do Congo.

“Nessa dinâmica de paz, liderada por Vossa Excelência, nós apelamos a que as negociações possam ser retomadas entre os dois países e a França apoia essa negociação, essa dinâmica de paz”, rematou.

O Presidente angolano realiza uma visita de Estado de dois dias a França, tendo sido recebido pela Presidente da Assembleia Nacional francesa, Yaël Braun-Pivet, e agraciado com um jantar oficial.
Esta sexta-feira, João Lourenço participa num fórum económico.