Conflito no Leste da RDC terá novo mediador


Luanda - Angola decidiu libertar-se da responsabilidade de medianeiro do conflito no Leste da República Democrática do congo (RDC) para se dedicar, de forma mais ampla, às prioridades gerais definidas pela União Africana, no quadro da presidência da organização continental que o país assumiu a 15 de Fevereiro último.
Num comunicado tornado público, esta segunda-feira, em Luanda, a Presidência de Angola esclarece que as prioridades gerais da União Africana prendem-se com a paz e segurança do continente no seu todo, as infra-estruturas, o comercio livre continental, a luta contra as epidemias, endemias e pandemias, o desenvolvimento económico e social e a justiça aos africanos e afro-descendentes, através de reparações.
No comunicado, Angola assegura que "com a Comissão da União Africana, serão dados, nos próximos dias, os passos necessários para se encontrar o país cujo Chefe de Estado, coadjuvado pela SADC, a Comunidade da África do Leste e os facilitadores, deverá assumir a mediação do conflito entre a RDC e o Rwanda".
"Desde que a União Africana incumbiu ao Presidente João Lourenço a responsabilidade de mediar o conflito entre a República Democrática do Congo e o Rwanda, que Angola se empenhou com toda a seriedade, energia e recursos, com vista a se alcançar a paz definitiva no Leste da RDC e se normalizarem as relações entre os dois países vizinhos", sublinha o comunicado.
Ao fim de sucessivas rondas de conversações, adianta o comunicado das autoridades angolanas, foram alcançados importantes progressos a nível ministerial, em Dezembro de 2024, em que a RDC se comprometia a neutralizar as FDLR e o Rwanda a retirar as suas Forças de Defesa do território congolês, para as linhas de fronteira entre os dois países.
De acordo com o comunicado, satisfeitas as principais reivindicações das partes, "estavam assim criadas as condições para a Cimeira de 15 de Dezembro passado, que teria lugar em Luanda, o que acabou por não acontecer por ausência do Rwanda".
"Angola sempre acreditou na necessidade de, paralelamente, haver também negociações directas, entre o Governo da RDC e o M23, tendo trabalhado para tal e conseguido o consentimento de ambos para que a primeira ronda tivesse lugar, em Luanda, aos 18 de Março do corrente ano, acção abortada in extremis por um conjunto de factores, entre eles alguns externos e estranhos ao processo africano que decorria", lê-se no comunicado.
As autoridades consideram "bem-vindas todas as acções das Nações Unidas, de outros organismos internacionais e países de boa vontade, que podem contribuir para a resolução dos diferentes conflitos que perduram no nosso continente, com vista ao calar das armas e o alcance da paz definitiva, desde que devidamente concertadas com os medianeiros designados, o Conselho de Paz e Segurança e com o Presidente da Comissão da União Africana".